PCC expandiu atuação para o setor de cana de açúcar e obrigava empresários a vender propriedades
Megaoperação com 1.400 agentes cumpre 350 mandados em investigação bilionária
247 - O Primeiro Comando da Capital (PCC) infiltrou-se em toda a cadeia produtiva da cana de açúcar no interior de São Paulo, utilizando ameaças e intimidações para obrigar empresários a venderem propriedades subfaturadas. A informação foi revelada pelo Ministério Público estadual (MP-SP) e divulgada pelo G1.
De acordo com as investigações, fazendeiros, donos de usinas, postos de combustíveis e até transportadoras foram alvos de pressões diretas. Quem resistia ou cogitava denunciar era ameaçado de morte. Em alguns casos, suspeita-se que incêndios criminosos em canaviais e empresas tenham sido usados como instrumento de intimidação.
Os negócios, segundo o MP, eram fechados em dinheiro vivo, pagos à vista, sempre com valores muito abaixo do mercado. “Gente séria do ramo endereçou situações gravíssimas”, relatou o Ministério Público, destacando a preocupação de empresários que perceberam o avanço do crime organizado sobre o setor sucroalcooleiro.
A ofensiva desta quinta-feira mobilizou 1.400 agentes para cumprir cerca de 350 mandados de busca, apreensão e prisão em uma megaoperação que atinge um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro.
As apurações tiveram início com denúncias encaminhadas ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) de diferentes regiões do interior paulista. Os indícios apontaram para a atuação estruturada do PCC na compra de fazendas, usinas e postos de combustíveis, consolidando o domínio sobre parte expressiva da produção de álcool e derivados.
Diante da dimensão dos crimes, o MP estadual acionou o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Receita Federal. A investigação revelou sonegação de centenas de milhões de reais em tributos, lavagem de dinheiro no sistema financeiro nacional e importações fraudulentas de metanol para adulteração de combustíveis.
Com base nesses elementos, a Justiça Federal autorizou ordens de prisão contra diversos alvos ligados à facção, enquanto a Justiça estadual expediu dezenas de mandados de busca e apreensão. O trabalho conjunto entre órgãos federais e estaduais configurou uma força-tarefa voltada para desmontar a estrutura criminosa que conectava o cultivo da cana no campo até a venda de combustíveis adulterados ao consumidor final.