ONS prevê afluência abaixo da média nas hidrelétricas em janeiro
ONS projeta volumes menores de água nos reservatórios e alerta para impacto no armazenamento e nos preços da energia
247 - O volume de água que deve chegar aos reservatórios das hidrelétricas brasileiras em janeiro tende a ficar abaixo da média histórica em todo o Sistema Interligado Nacional (SIN). A projeção indica um cenário de precipitações mais fracas, sobretudo na região central do país, afetando diretamente a capacidade de recomposição dos principais reservatórios utilizados para a geração de energia elétrica.
De acordo com dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e publicados originalmente pelo serviço Broadcast, as bacias dos rios Grande, Tietê, Paranapanema, Tocantins e São Francisco, localizadas nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, devem registrar afluências inferiores ao padrão histórico. Em contrapartida, as bacias do sul do rio Paraná, do Uruguai e da região Amazônica apresentam expectativa de volumes próximos da média, com possibilidade de registros superiores no extremo Norte do país.
A avaliação por subsistemas mostra que a Energia Natural Afluente (ENA) prevista para janeiro corresponde a 85% da Média de Longo Termo (MLT) no Norte, 83% no Sudeste/Centro-Oeste, 75% no Sul e apenas 55% no Nordeste. Esse desempenho ocorre após um mês de dezembro já marcado por resultados fracos. No Sudeste/Centro-Oeste, a ENA ficou em 72% da MLT, configurando a décima pior afluência de uma série histórica de 95 anos. No Nordeste, o índice chegou a 43%, o quarto menor já registrado, enquanto no Norte atingiu 68%, o 19º pior resultado histórico. No Sul, a ENA ficou em 75%, próxima à mediana dos registros.
Esse contexto tem elevado a preocupação no setor elétrico com o nível de armazenamento ao fim do verão, fator que exerce influência direta sobre os preços da energia. Apesar da previsão de afluências abaixo da média, o ONS avalia que ainda será possível recuperar parcialmente os reservatórios ao longo de janeiro, em função da estratégia operativa adotada.
No Sudeste/Centro-Oeste, o volume armazenado deve subir de 43,7% para 53,5% até o fim do mês. No Nordeste, a projeção aponta aumento de 45,3% para 55,4%, enquanto no Norte o nível pode passar de 54,6% para 58,9%. O Sul é a exceção, com expectativa de queda do armazenamento de 77% para 64,3%.
As projeções consideram não apenas os volumes esperados de ENA, mas também as diretrizes operacionais definidas pelo ONS. No Nordeste, por exemplo, a geração hidráulica vem sendo minimizada em atendimento a uma resolução da Agência Nacional de Águas (ANA). Já no Sul e no Sudeste, a operação das usinas está sendo ajustada com foco no controle dos níveis dos reservatórios.
Para os próximos meses, o cenário segue desafiador. Em fevereiro, a maior parte do país deve continuar registrando afluências abaixo da média histórica. No Sudeste/Centro-Oeste, 56,2% dos cenários simulados indicam ENA entre 70% e 90% da MLT. No Nordeste, mais de 70% das projeções apontam volumes inferiores a 70% da média do mês. No Sul, há grande dispersão: embora mais de 65% dos cenários indiquem afluência abaixo do histórico, existe cerca de 15% de chance de volumes significativamente superiores à média. No Norte, a tendência é de aumento, com mais de 30% de probabilidade de registrar níveis dentro ou acima do padrão histórico.
Considerando o horizonte até abril, o ONS reforça a expectativa de afluências persistentemente abaixo da média histórica em todo o período, que tradicionalmente concentra os maiores volumes de chuva e é fundamental para o enchimento dos reservatórios antes da estação seca, que vai de maio a setembro.



