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Lindbergh aponta finalidade política na ação de Cláudio Castro

Líder do PT na Câmara sugere que operação no Rio de Janeiro pode ter sido usada para mudar pauta nacional

Lindbergh Farias (Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados)

247 – O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, levantou suspeitas sobre a motivação política por trás da megaoperação policial realizada nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Em publicação nas redes sociais nesta terça-feira (28), ele afirmou: “Não descarto que a operação de hoje no Rio de Janeiro tenha sido deflagrada com a intenção abjeta de tentar mudar a pauta da política nacional”.

As declarações de Lindbergh reacendem o debate sobre o uso político de ações policiais no estado. O próprio governador Cláudio Castro já havia admitido, em 2022, em entrevista ao jornalista Octávio Guedes, que operações desse tipo poderiam ter finalidade eleitoral. Na ocasião, Castro disse: “Se me baseasse em pesquisa, faria uma operação policial por semana”.

Megaoperação deixa 64 mortos e 81 presos

O governo do Rio de Janeiro divulgou nesta terça-feira o balanço final da ação, considerada a maior da história do estado. A operação mobilizou cerca de 2.500 policiais civis e militares e foi resultado de mais de um ano de investigações.

De acordo com o relatório oficial, 64 pessoas morreram — sendo 60 apontadas como criminosos e quatro agentes de segurança —, 81 foram presas e 93 fuzis foram apreendidos. Além disso, cerca de 120 quilos de drogas foram recolhidos. A Polícia Civil informou que ainda há buscas nas matas da região e que parte do efetivo permanece no local para garantir a segurança dos moradores, enquanto ruas e avenidas continuam interditadas.

Policiais e civis feridos

Além das quatro mortes entre os agentes, 15 pessoas ficaram feridas, sendo 10 policiais militares e cinco civis. A Polícia Civil prestou homenagens aos agentes mortos em combate e destacou o esforço conjunto das forças de segurança para reduzir a influência de facções criminosas.

O governador Cláudio Castro anunciou que o governo federal atendeu a um pedido do estado para transferência imediata de dez líderes de facções criminosas a presídios federais de segurança máxima. Segundo Castro, a medida busca “enfraquecer o comando do crime” no Rio de Janeiro.

Apesar disso, críticos apontam que o uso recorrente da força e o alto número de mortes reforçam um padrão histórico de políticas de segurança centradas na repressão e na violência.

“Empilhar corpos”, diz Reinaldo Azevedo

O jornalista Reinaldo Azevedo também comentou o episódio, destacando que há uma estratégia política por trás da escalada de violência: “A verdade inescapável é a seguinte: a extrema direita tem uma receita para a segurança pública, que não varia ao longo das décadas: empilhe corpos, abarrote os presídios, massacre os pobres, e se passará, então, a impressão de que algo está sendo feito. Quando tudo der errado, acuse o adversário de ser o responsável pela tragédia porque, afinal, ele teve a ousadia de dizer que sair matando a esmo não é a resposta.”

Lindbergh reforçou que essa hipótese, embora cruel, é plausível. “As maiores chacinas da história do Rio aconteceram sob a gestão de Cláudio Castro: Jacarezinho, Vila Cruzeiro, Alemão e agora Penha”, escreveu o deputado, ao lembrar que a violência estatal tem se tornado uma marca do atual governo fluminense.

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