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      “Eu que deveria taxar ele”, diz Lula sobre Trump

      Presidente critica declaração de Trump sobre déficit comercial e defende reciprocidade em possível tarifa de 50% contra produtos brasileiros

      Brasília (DF), 08/07/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em cerimônia oficial no Palácio da Alvorada (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
      Otávio Rosso avatar
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      247 - Durante visita oficial ao Espírito Santo nesta sexta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio de que os EUA irão impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

      Em seu discurso, Lula contestou a justificativa econômica apresentada por Trump para a taxação, afirmando que o Brasil, na verdade, é quem acumula prejuízo nas relações comerciais com os norte-americanos. “Portanto, eu quero dizer com todo respeito ao presidente Trump: o senhor está mal informado, muito mal informado. Os EUA não têm déficit comercial com o Brasil, é o Brasil que tem déficit comercial com os EUA. Só pra vocês terem ideia, em 15 anos, entre comércio e serviço, nós temos um déficit de 400 bilhões de dólares com os EUA. Eu que deveria taxar ele”, declarou o presidente brasileiro.

      Além da crítica econômica, Lula condenou a postura de Trump ao comentar sobre a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Na carta divulgada por Trump na quarta-feira (9), o norte-americano classificou o processo como uma “vergonha internacional” e uma “caça às bruxas”, além de manifestar apoio a Bolsonaro.

      O petista não poupou palavras ao responder: “Qual a razão que ele aponta a taxação? Primeiro com base em uma mentira porque os Estados Unidos não é deficitário com o Brasil. Segundo, qual é a lógica dele ‘ah não processe o Bolsonaro, pare com isso imediatamente’”.

      Lula também ironizou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que atualmente está nos Estados Unidos, sugerindo que o parlamentar estaria buscando ajuda estrangeira para evitar consequências judiciais ao pai. “Porque a coisa [Jair Bolsonaro] mandou o filho dele que era deputado [Eduardo Bolsonaro] se afastar da Câmara para ficar pedindo ‘o Trump pelo amor de Deus solta meu pai, não deixa meu pai ser preso’ é preciso essa gente criar vergonha na cara”, criticou.

      Apesar das críticas, Lula reiterou seu compromisso com o diálogo internacional e o respeito à soberania dos países. “Eu respeitava todos. Eu não quero saber se ele [Trump] gosta de mim ou não; eu quero saber que ele foi eleito do seu país. Ele é o presidente. Eu gosto ou não gosto, eu tenho que tratar ele com respeito, porque o povo deu a ele o mandato. E essa é a minha vida”, afirmou.

      Por fim, Lula assegurou que buscará medidas diplomáticas e comerciais para impedir que a tarifa entre em vigor. “Vou tentar brigar em todas as esferas para que não venha a taxação, vou brigar na OMC, vou conversar com meus companheiros do BRICS. Agora, se não tiver jeito no papo, nós vamos estabelecer a reciprocidade, taxou aqui, vamos taxar lá. Não tem outra coisa a fazer”, concluiu.

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