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Empresário da fé que atacou Lula e disse odiar pobres é investigado por lavagem de dinheiro

Pastor nega "odiar pobres" e investigação criminal. Confira o posicionamento ao final da matéria

Empresário da fé Nicoletti (Foto: Reprodução)

247 - O empresário da fé bolsonarista Davi Nicoletti, fundador da Igreja Recomeçar, está sob investigação da Polícia Civil de São Paulo por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro usando sua instituição religiosa. A informação foi revelada em reportagem publicada nesta quarta-feira (17/07) pelo Metrópoles, com base em documentos oficiais da investigação.

Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a igreja recebeu mais de R$ 4 milhões, entre 2018 e 2019, de um grupo acusado de operar uma pirâmide financeira com criptomoedas.A movimentação financeira atípica chamou atenção das autoridades por não ter justificativa econômica clara.

De acordo com os investigadores, os repasses partiram de integrantes da MDX Capital Miner Digital LTDA, empresa que acumulou dezenas de processos na Justiça por suspeita de estelionato contra investidores. Para a Polícia Civil, os depósitos à Igreja Recomeçar foram uma tentativa de "maquiar lastros do dinheiro arrebanhado de forma fraudulenta".

"A fim de maquiar lastros do dinheiro arrebanhado de forma fraudulenta, tais pessoas enviaram dinheiro para a conta pertencente à Igreja Ministério Recomeçar, de propriedade do pastor Davi Nicoletti", afirma trecho do inquérito. "Também se apurou que as transferências não possuíam justificativas econômicas claras", prossegue o relatório.

Davi Nicoletti ganhou notoriedade recente nas redes sociais após declarações durante cultos. Em um vídeo que viralizou, ele afirmou: “Eu odeio pobre. E eu vou dizer que Jesus nunca foi pobre. E se te falaram isso, mentiram”. Em outro momento, chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ladrão”.

O conteúdo gerou forte repercussão e críticas públicas. Nicoletti, que tem mais de 70 mil seguidores no Instagram, prega a ideia de que cristãos devem prosperar financeiramente.

A defesa do empresário nega qualquer envolvimento com o esquema criminoso e diz que as acusações são infundadas.

OUTRO LADO

O pastor nega "odiar pobres" e a investigação criminal. Confira o posicionamento de seus advogados na íntegra:

Os escritórios de advocacia C.R. Andrade & G.J. Sombrio Advogados, sediados no Estado de Santa Catarina, na qualidade de representantes legais do pastor Nicoletti, vêm a público prestar os seguintes esclarecimentos:

Há aproximadamente um mês, o pastor Nicoletti tem sido vítima de uma campanha sistemática de perseguição e difamação, com a propagação de notícias falsas por veículos de comunicação – inclusive de alcance nacional – imputando-lhe, de forma infundada, a prática de ilícitos criminais e a suposta sonegação de direitos trabalhistas a uma ex-funcionária.

Além disso, trechos de uma conferência privada, na qual o pastor Nicoletti participou como palestrante, foram utilizados indevidamente, sem sua autorização e fora de contexto, para sugerir, de forma distorcida e maliciosa, que o pastor teria afirmado “odiar pobre”. Na verdade, o conteúdo da fala se referia ao combate à pobreza, sendo que o pastor cometeu um evidente ato falho ao utilizar a expressão “pobre” no lugar de “pobreza”, o que foi prontamente esclarecido e retratado publicamente.

Também da mesma conferência provada, foram retiradas de contexto críticas direcionadas ao Presidente da República, as quais foram posteriormente objeto de esclarecimento e retratação por parte do pastor. Sobre a caluniosa acusação de prática de crime, os veículos de notícias propagaram injustamente à alegação de que o pastor Nicoletti estaria sendo investigado por crimes relacionados a criptoativos. Importa esclarecer que:

● A Igreja Recomeçar, presidida pelo pastor Nicoletti, nunca foi parte, investigado ou indiciado em qualquer processo judicial relativo a tais práticas.

● O que existiu foi a citação do nome da igreja no bojo de uma investigação conduzida em São Paulo contra uma empresa de criptoativos supostamente envolvida em esquema de pirâmide, cujo um dos investigados era frequentador da referida igreja e havia realizado doações espontâneas.

● Após regular apuração, o Ministério Público determinou o arquivamento da investigação quanto à igreja, reconhecendo a inexistência de qualquer irregularidade por parte da Igreja Recomeçar ou de seu presidente.

Quanto à alegação de sonegação trabalhista, cumpre informar que se trata de um processo trabalhista ordinário, já encerrado, proposto por uma ex-funcionária que pleiteava valores manifestamente superiores aos seus direitos reais. Não havendo acordo inicial, as partes, posteriormente, firmaram composição homologada judicialmente, com a devida quitação integral do ajuste. Trata-se, portanto, de uma relação trabalhista regular e finalizada, cuja utilização midiática com propósitos difamatórios configura, mais uma vez, tentativa deliberada de abalar a reputação do pastor Davi Nicoletti.

Diante desse cenário, repudiamos veementemente a divulgação de informações falsas, prática reiteradamente reprovada pelos Tribunais Superiores e pela imprensa séria deste país. Informamos, ainda, que medidas judiciais estão sendo tomadas para identificar e responsabilizar civil e criminalmente aqueles que divulgaram e replicaram tais conteúdos caluniosos, em defesa da honra e imagem do pastor Davi Nicoletti e da instituição religiosa que representa.

Reiteramos nossa confiança no Poder Judiciário e estamos certos de que, ao final, a verdade prevalecerá. Permanecemos acompanhando os desdobramentos dos fatos e adotando todas as providências cabíveis para assegurar que a justiça seja plenamente restabelecida.

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