Em Jacarta, Lula propõe ampliar comércio bilateral com Indonésia para até US$ 20 bilhões
Durante fórum empresarial em Jacarta, presidente destacou a importância da previsibilidade e de um comércio bilateral mais ambicioso
247 - No encerramento do Fórum Empresarial Brasil–Indonésia, realizado em Jacarta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o compromisso do Brasil em ampliar sua parceria estratégica com o país asiático. O discurso destacou o papel do empresariado e a necessidade de construir relações comerciais equilibradas e sustentáveis entre as duas economias emergentes.
Lula ressaltou que o sucesso das relações econômicas depende diretamente do engajamento das empresas de ambos os países. "Eu penso que, se não houver, da parte dos empresários tanto da Indonésia quanto do Brasil, o esforço necessário para poder ganhar o dinheiro que acho que seja possível ganhar, o comércio dos países não será um comércio forte", afirmou o presidente diante de uma plateia formada por ministros e mais de cem empresários brasileiros.
Confiança dos investidores
O chefe de Estado apresentou o que chamou de "seis palavras-chave" para inspirar a confiança dos investidores estrangeiros: "Estabilidade fiscal, estabilidade jurídica, estabilidade política, estabilidade econômica, estabilidade social e a previsibilidade que os investidores precisam para saber se vale ou não a pena investir". Segundo ele, o Brasil tem compromisso em oferecer esse ambiente seguro e confiável a todo investidor que deseje estabelecer negócios no país.
Durante o discurso, Lula lembrou sua primeira visita à Indonésia, há 17 anos, em meio à crise financeira de 2008. "O receituário neoliberal mostrou-se incapaz de conter a turbulência gerada no mundo desenvolvido. O Brasil provou que era possível crescer sem abrir mão da inclusão e do bem-estar social", declarou. O presidente destacou que o comércio bilateral saltou de US$ 2,2 bilhões para US$ 6,3 bilhões em 2024, mas ainda é insuficiente diante do potencial dos dois países, que juntos somam mais de meio bilhão de habitantes.
Ampliação do comércio bilateral
"É muito pouco um país de 280 milhões de habitantes e outro de 215 milhões, com tanta similaridade entre si e com tanta necessidade entre si, não ter trabalhado o suficiente para que hoje nós pudéssemos ter um comércio acima de 15 ou 20 bilhões de dólares", afirmou. Lula acrescentou que a visita à Indonésia, em retribuição à viagem de Estado do presidente Prabowo Subianto ao Brasil, simboliza o desejo brasileiro de aprofundar essa cooperação estratégica.
O presidente também ressaltou a importância da colaboração entre Brasil e Indonésia em setores como defesa, tecnologia e meio ambiente. "A Força Aérea da Indonésia conhece bem a capacidade do Super Tucano", lembrou Lula, destacando o potencial das aeronaves brasileiras e o acordo de cooperação em defesa firmado entre os dois países.
Transição energética e preservação ambiental
No campo ambiental, o líder brasileiro enfatizou o papel conjunto dos países na transição energética e na preservação das florestas tropicais. "Menos de 20 dias nos separam da COP-30. Vamos mostrar que é possível promover o desenvolvimento, enfrentar a mudança do clima e proteger as florestas tropicais e sua rica biodiversidade", afirmou. Lula destacou ainda o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, criado com um aporte inicial de US$ 1 bilhão, destinado a financiar países que mantêm suas florestas em pé.
"Ninguém vai mais ficar pedindo dinheiro como se estivesse pedindo esmola para poder manter a nossa floresta em pé e para evitar que o planeta tenha um aquecimento acima de 1,5°C", disse o presidente ao defender que o modelo deve gerar dividendos e alternativas de renda para quem protege o bioma.
Por fim, Lula destacou o exemplo da Indonésia na industrialização de seus recursos minerais como referência para o Brasil. "Não pretendemos reproduzir a condição de meros exportadores de commodities. Queremos agregar valor em nosso território com sustentabilidade ambiental e respeito às comunidades locais", concluiu.


