Eduardo Riedel assina filiação ao PP e PSDB perde seu último governador
Mudança encerra ciclo do PSDB nos governos estaduais; movimento ocorre no dia do lançamento da federação União Brasil–PP na Câmara dos Deputados
247 - O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, oficializou sua saída do PSDB e assinou filiação ao Progressistas (PP). Segundo registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a migração ocorreu na sexta-feira (15). Nesta terça (19), em Brasília, Riedel participa de ato político nos auditórios do Senado ao lado de lideranças do PP, no mesmo dia em que União Brasil e PP lançam a federação partidária que nasce com a maior bancada da Câmara dos Deputados. As informações foram publicadas originalmente pelo g1.
A mudança não surpreende aliados e tucanos. Há meses, Riedel dava sinais de que deixaria o PSDB para organizar o palanque da sua tentativa de reeleição em 2026. Antes de consolidar a ida ao PP, ele comunicou a decisão ao presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, após um período de negociações em que também foi cortejado pelo PSD.
Bastidores da decisão
Riedel vinha condicionando a própria definição ao desfecho das conversas sobre a fusão do PSDB com o Podemos. Embora as instâncias do PSDB tenham aprovado a união, o processo travou nas tratativas finais com a cúpula do Podemos e não avançou. Em junho, ao endossar publicamente a fusão, Riedel afirmou apoiar “integralmente” a medida e completou: “E que a gente continue fortalecendo o nosso partido”. Com o impasse, a opção pelo PP ganhou tração e foi fechada nos últimos dias.
Impacto imediato no mapa dos estados
Com a saída de Riedel, o PSDB deixa de comandar governos estaduais — situação inédita desde a redemocratização. Em 2025, o tucanato já havia perdido Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE) para o PSD. O movimento de Riedel consolida uma tendência de reacomodação de forças na direita e no centro-direita, com o PP ampliando capilaridade e a federação com o União Brasil projetando protagonismo na Câmara.
O declínio tucano desde 2018
A derrocada tucana se acelerou a partir de 2018 e teve seu pior capítulo nas eleições de 2022, quando o partido:
- elegeu a menor bancada de sua história na Câmara;
- ficou sem representação no Senado;
- não lançou candidato ao Planalto pela primeira vez desde 1989;
- perdeu o governo de São Paulo, que administrara por quase três décadas.
A tentativa de recuperação por meio da federação com o Cidadania fracassou recentemente, com o rompimento da aliança, aprofundando a dispersão de quadros. A filiação de Riedel ao PP, por sua vez, reposiciona o governador num bloco que busca ampliar influência nacional e alavancar palanques competitivos em 2026.
Próximos passos de Riedel
Já como filiado ao PP, Riedel participa nesta terça (19) de evento com caciques da sigla em Brasília. A expectativa é que o governador detalhe, nas próximas semanas, ajustes na base de apoio em Mato Grosso do Sul, preparando a estrutura política para a corrida à reeleição. A articulação local envolve atores do PP e de partidos aliados, em alinhamento com a nova federação PP–União Brasil.