Eduardo Paes: "o Rio não ficará refém do crime"
Pré-candidato ao governo do estado em 2026, prefeito acompanha ações da polícia e promete agir “com autoridade, comando e firmeza”
247 – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, reagiu à maior operação policial da história do estado e afirmou nesta terça-feira (28) que “o Rio não pode e não vai ficar refém de grupos criminosos”. Pré-candidato ao governo do estado em 2026, Paes disse que acompanha as ações de segurança pública diretamente do CORE, o Centro de Operações Especiais e Recursos Especiais da Polícia Civil, e garantiu que a prefeitura seguirá atuando “com autoridade, comando e firmeza” para proteger a população e manter os serviços funcionando.
As declarações foram dadas em vídeo publicado nas redes sociais, no mesmo dia em que uma megaoperação conjunta da Polícia Civil, Polícia Militar e do governo estadual transformou os complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, em um cenário de guerra. A ação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e resultou em 81 prisões e 64 mortes, incluindo as de quatro policiais, dois civis e dois integrantes do Bope.
“A prefeitura vai continuar agindo com autoridade, comando e firmeza”
Em sua fala, Eduardo Paes reforçou que determinou a manutenção dos serviços municipais e o apoio à população em caso de necessidade. “Determinei a todos os órgãos municipais que mantivessem o funcionamento normal das suas atividades e que auxiliassem a população em caso de necessidade”, afirmou. Segundo ele, o sistema BRT e demais serviços da prefeitura seguiram operando normalmente durante a operação.
Paes também destacou que o enfrentamento ao crime é uma responsabilidade de todos os níveis de governo. “Compete ao poder público, independente do nível de governo, a tarefa de ser implacável contra esses grupos criminosos que buscam amedrontar a população trabalhadora”, disse.
O contexto da operação mais letal
Durante coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), o governador Cláudio Castro classificou a ofensiva como “a maior da história” e afirmou que ela foi planejada para ocorrer em áreas de mata, fora das comunidades, com o objetivo de reduzir riscos à população. Segundo o governo, a ação tinha como foco conter o avanço territorial do Comando Vermelho.
A operação foi marcada por confrontos intensos e resistência de criminosos que usaram drones equipados com explosivos, bombas caseiras e veículos incendiados como barricadas. Dois policiais civis morreram em serviço: Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, de 51 anos, chefe da 53ª DP (Mesquita), e Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, da 39ª DP (Pavuna).
Durante a coletiva, o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, anunciou a prisão de Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, apontado como braço direito de Edgard Alves de Andrade, o Doca, uma das principais lideranças do Comando Vermelho.
O ranking das operações mais letais
Com 60 mortos confirmados, a ação desta terça-feira superou todos os registros anteriores de letalidade policial no estado. Confira as operações mais letais da história do Rio de Janeiro:
- Complexos do Alemão e da Penha (outubro de 2025) – 60 mortos
- Jacarezinho (maio de 2021) – 28 mortos
- Vila Cruzeiro (maio de 2022) – 24 mortos
- Complexos do Alemão e da Penha (outubro de 2025) – 24 mortos
- Complexo do Alemão (junho de 2007) – 19 mortos
- Senador Camará (janeiro de 2003) – 15 mortos
- Fallet/Fogueteiro (fevereiro de 2019) – 15 mortos
- Complexo do Alemão (julho de 1994) – 14 mortos
- Complexo do Alemão (maio de 1995) – 13 mortos
- Morro do Vidigal (julho de 2006) – 13 mortos
- Catumbi (abril de 2007) – 13 mortos
Críticas à alta letalidade
Entidades de direitos humanos e parlamentares da oposição afirmaram que cobrarão explicações sobre a alta letalidade e os métodos empregados pelas forças de segurança. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a megaoperação tinha como foco o cumprimento de 51 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho no Complexo da Penha e contou com o apoio do Gaeco, da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), da Core e do Bope.
O MPRJ apontou que o Complexo da Penha é uma área estratégica para o escoamento de drogas e armas devido à sua proximidade com vias expressas. O órgão denunciou 67 pessoas por associação ao tráfico e três por tortura, incluindo líderes da facção como Doca, Pedro Bala, Gadernal e Grandão.
Com 60 mortos, a operação ultrapassa o massacre do Jacarezinho (2021) e a ação da Vila Cruzeiro (2022), consolidando-se como a mais letal da história fluminense — e reacendendo o debate sobre os limites da política de segurança pública do governo Cláudio Castro.


