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      “Combatente de todas as formas de autoritarismo”, diz Dilma Rousseff sobre Mino Carta

      Ex-presidente destacou a coragem do fundador da CartaCapital no enfrentamento à ditadura e seu legado à imprensa brasileira

      Dilma Rousseff (Foto: CGTN)
      Laís Gouveia avatar
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      247 - O jornalista Mino Carta, fundador da *CartaCapital* e um dos principais nomes da imprensa nacional, morreu nesta terça-feira (2), aos 91 anos, em São Paulo. A informação foi divulgada pelo veículo que ele criou e dirigiu desde 1994. Segundo a revista, Mino estava internado havia duas semanas na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em decorrência de problemas de saúde. A causa da morte não foi informada.

      Em nota, a ex-presidente Dilma Rousseff lamentou profundamente a perda e ressaltou a trajetória de Mino como um dos maiores defensores da imprensa livre no Brasil. “Com a morte de Mino Carta, o Brasil perde um dos maiores jornalistas de sua história e um narrador fundamental dos momentos políticos mais importantes do país nos últimos 70 anos”, afirmou.

      Coragem em tempos de censura

      Dilma recordou episódios marcantes da carreira do jornalista, especialmente durante o regime militar. Em 1968, sob o AI-5, Mino comandou na revista *Veja* uma reportagem que denunciava 150 casos de tortura. A edição foi apreendida nas bancas, mas, segundo a ex-presidente, representou “uma brecha na blindagem da censura” e simbolizou a coragem do editor em enfrentar o autoritarismo.

      A ex-presidente também destacou o pioneirismo de Mino em dar visibilidade ao então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, a quem dedicou a primeira capa de revista em 1978. Anos depois, Mino incentivou Lula a se engajar na campanha das Diretas Já, a pedido de Ulysses Guimarães.

      Um combatente contra o autoritarismo

      Para Dilma, o jornalista redefiniu o papel da imprensa brasileira ao unir compromisso com a verdade e fiscalização do poder. “Mino Carta reinventou a imprensa brasileira e definiu o verdadeiro papel do jornalista: defensor da verdade factual e fiscal do poder. Exercitou tais princípios quando era mais arriscado fazê-lo”, escreveu.

      Ela lembrou ainda as origens do jornalista, nascido em Gênova, filho de uma família que resistiu ao fascismo de Mussolini. “Foi digno de suas origens ao tornar-se, no Brasil, um combatente de todas as formas de autoritarismo, inclusive o recente retrocesso de índole fascista, do qual ainda tentamos nos livrar.”

      Um legado de coragem

      Dilma encerrou sua homenagem citando uma frase que, segundo ela, traduz a essência do jornalista: “fé em coisa nenhuma, medo de nada”. Para a ex-presidente, a expressão sintetiza a postura de Mino Carta como profissional e cidadão, sempre disposto a desconfiar do poder, enfrentar desafios e buscar a verdade com coragem e sem concessões.

      “Aos familiares, amigos e admiradores de Mino Carta, minha solidariedade”, concluiu Dilma Rousseff.

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