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Estudo aponta caminhos para financiamento da produção agrícola sustentável no Mato Grosso

Crédito de carbono e pagamento por serviços ecossistêmicos podem reduzir emissões de gases do efeito estufa na produção de commodities

Colheita de soja em Ponta Grossa (PR) - 25/04/2023 (Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer)
Redação Brasil 247 avatar
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247 - Um relatório aponta que a combinação de benefícios a partir de emissões de carbono evitadas, reduzidas ou removidas da atmosfera, pode ser utilizada para financiar a conservação e o restauro de áreas agrícolas em Mato Grosso. Para isso, foram analisadas diversas ferramentas de remuneração que podem ser acessadas no Brasil a fim de mapear os benefícios de cada uma para determinada atividade de conservação, restauro e regeneração.

O estudo, intitulado “Alavancando instrumentos de carbono para sustentabilidade financeira em uma iniciativa de paisagem de soja”, foi desenvolvido pela Proforest com a colaboração do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Estratégia PCI (Produzir, Conservar e Incluir) e Produzindo Certo, com financiamento do Land Innovation Fund através do projeto “Paisagens Sustentáveis e inteligentes para o clima no oeste de Mato Grosso”. Como sugestão, pesquisadores defendem a utilização de uma combinação de instrumentos financeiros como forma de beneficiar a criação de paisagens sustentáveis mais amplas.

Segundo dados do MapBiomas, rede da qual o IPAM faz parte, o Mato Grosso perdeu 23 milhões de hectares de vegetação nativa, cerca de 32% de toda a cobertura do Estado, desde 1985. No mesmo período, pastagens e lavouras ganharam 23 milhões de hectares, um aumento de 130%. Essa mudança no uso do solo tem impactado diretamente na produção agropecuária na região que, cada vez mais, tem que lidar com chuvas irregulares, quebras de safras e secas extremas.

O documento faz parte da iniciativa Paisagens Sustentáveis no Oeste de Mato Grosso, que busca aumentar a produção agrícola sustentável no Estado, garantindo a conservação de vegetação nativa e a inclusão de pequenos agricultores e comunidades tradicionais. Atualmente, o projeto está alinhado à estratégia PCI, que busca captar recursos para a expansão e otimização da produção agrícola em Mato Grosso, e atua em seis municípios da região.

“Às vezes a gente consegue implementar alguma ação no chão, mas o custo é alto e o mercado não paga o suficiente. Para reduzirmos a dependência de doações e investidores, precisamos fazer com que essas ações se paguem através de seus próprios resultados de redução de emissões”, destaca Fernanda Xavier, coordenadora regional do IPAM em Mato Grosso.

As atividades da iniciativa incluem esforços de conservação e restauro em fazendas de soja, fornecendo créditos de carbono por emissões evitadas decorrentes do desmatamento legal, redução e remoção de gases de efeitos estufa pelas áreas preservadas destas propriedades. Assim, busca-se criar um conjunto de ambientes que sejam produtivos e resilientes às mudanças climáticas, financiando a preservação da vegetação nativa e criando condições mais favoráveis ao cultivo.

Mapa das ferramentas - Segundo o levantamento realizado pelos pesquisadores, a maior parte das ferramentas de benefícios de emissões evitadas ainda possuem inseguranças jurídicas e falta de institucionalização. Além disso, iniciativas como REDD+ Jurisdicional são eficazes no financiamento de conservação, mas não se aplicam a atividades de restauro e agricultura regenerativa. A variação nos valores de pagamento, que oscilam entre $10 e $150, também contribuem para a insegurança de alguns projetos e reforçam a necessidade de uma combinação de ferramentas para o financiamento devido das iniciativas.

“Uma coisa não pode suprir todas as demandas da iniciativa. Sabemos que a conservação é relativamente barata e o crédito de carbono consegue pagar o necessário para que essa atividade seja implementada, mas vemos que com o restauro e com a agricultura regenerativa esse mercado não supre a demanda. O custo da implementação e o preço pago pelo carbono, muitas vezes, não batem. Por isso defendemos que a combinação de ferramentas pode ser usada para suprir esse déficit”, explica Pauline Denis, gerente de projetos e coordenadora climática da Proforest.

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