Em visita à Comunidade Jamaraquá (PA), Lula defende sustentação econômica para quem toma conta das florestas
Presidente enfatiza protagonismo da região Amazônica em torno da agenda ambiental e aponta a necessidade de suporte a quem vive e respeita o bioma
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo (2) que o desenvolvimento sustentável da Amazônia passa por garantir condições econômicas, educacionais e de saúde às comunidades que vivem e cuidam da floresta. A declaração foi feita durante visita à Comunidade Jamaraquá, na Floresta Nacional do Tapajós (PA), conforme noticiou o portal oficial do Governo Federal. A viagem faz parte da série de agendas preparatórias para a COP30, que será realizada em 2025, em Belém (PA).
“Para a floresta ficar em pé, temos que dar sustentação econômica, educacional e de saúde para as pessoas que tomam conta. Se as pessoas não tiverem o que comer, não vão tomar conta de nada”, afirmou Lula, durante conversa com moradores da comunidade.
A Comunidade Jamaraquá é reconhecida por suas práticas de turismo sustentável e produção comunitária de óleos de andiroba e copaíba, látex e biojoias. O modelo combina geração de renda com a preservação ambiental, sendo apoiado pelo Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES.
Durante a visita, Lula participou de atividades locais, como o processo de extração do látex e a fabricação da farinha de mandioca. Ele destacou que a realização da COP30 no Pará é uma oportunidade para o mundo conhecer de perto a realidade e a importância dos povos amazônicos.
“A COP30 é um momento único na história do Brasil. É o momento em que a gente está obrigando o mundo a olhar a Amazônia com os olhos que deve olhar. O mundo vai conhecer o povo maravilhoso e extraordinário da Amazônia, que merece ajuda”, declarou o presidente.
Compromissos com educação e políticas sociais
Além das discussões ambientais, Lula anunciou a criação da Universidade dos Povos Indígenas do Brasil, com sede em Brasília e campi em diversos estados, voltada à formação de jovens indígenas.
“Os meninos terminam o ensino médio e não têm faculdade para cursar e, muitas vezes, não podem ir até Santarém. Vamos criar, até 17 de novembro, a Universidade dos Povos Indígenas do Brasil”, afirmou.
O presidente também se comprometeu a ampliar programas de saúde, educação e regularização fundiária na região. Segundo ele, “melhorar a questão da saúde, da educação e dos títulos de terra é obrigação do governo”.
Reconhecimento das comunidades locais
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que acompanhou a visita, ressaltou a importância das comunidades amazônicas no enfrentamento das mudanças climáticas.
“Essas famílias têm um estilo de vida que protege a floresta, buscam melhorias e já conseguiram muitas. Aqui é exemplo de bioeconomia, de sociobiodiversidade, de como manter a floresta em pé e gerar condições de vida e dignidade”, destacou Marina.
Bolsa Verde e o cuidado remunerado da floresta
Lula também mencionou o Programa Bolsa Verde, retomado em 2023, que atualmente beneficia 650 famílias (60% das que vivem na Flona do Tapajós). O programa transfere recursos financeiros a comunidades tradicionais — como ribeirinhos, extrativistas, indígenas e quilombolas — que se comprometem a conservar o meio ambiente e utilizar os recursos naturais de forma sustentável.
Além do apoio financeiro, os beneficiários recebem assistência técnica, extensão rural socioambiental e inclusão socioprodutiva.
Sabedoria e tradição
O ex-cacique Donildo Lopes dos Santos, conhecido como Sr. Dido, de 63 anos, compartilhou com o presidente sua experiência no extrativismo. “Se a gente não passar o que sabe adiante, se perde tudo”, afirmou.
A visita de Lula à Jamaraquá reforça o papel das comunidades amazônicas como protagonistas da preservação ambiental e exemplifica o esforço do governo federal em aliar sustentabilidade, justiça social e desenvolvimento regional.


