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BNDES já mobilizou R$ 3,4 bilhões para projetos florestais brasileiros desde 2023

Plataforma BNDES Florestas organiza ações que já plantaram 70 milhões de árvores e geraram 23,5 mil empregos, com foco em inovação e sustentabilidade

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante ressalta avanços no restauro florestal (Foto: ndré Telles/BNDES)

247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que já mobilizou R$ 3,4 bilhões desde 2023 para ações de conservação, recuperação e manejo de florestas em todo o país. A informação foi divulgada pelo próprio banco durante o seminário de lançamento da plataforma BNDES Florestas, realizado na sexta-feira (10). De acordo com dados apresentados, o investimento equivale ao plantio de 70 milhões de árvores e à criação de 23,5 mil empregos, fortalecendo a meta nacional de restaurar 12 milhões de hectares até 2030 e impulsionando a bioeconomia baseada em espécies nativas.

A reportagem tem como base informações do BNDES, que apresentou no evento uma série de iniciativas inéditas e parcerias com empresas e fundações. Além da nova plataforma, foi lançado o BNDES Floresta Inovação, voltado ao desenvolvimento de tecnologias para o mercado internacional de madeira tropical. Também foram anunciados três projetos de restauração florestal, em parceria com a Suzano, a Fundação Bunge, a Agrícola Alvorada S.A. e o Grupo Belterra, somando R$ 384,9 milhões em investimentos.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, ressaltou que novas iniciativas serão lançadas até a COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro. “O BNDES Florestas é um conjunto de iniciativas, uma frente de ação estratégica do Banco. Estamos trabalhando para capturar carbono, construir um mercado de carbono robusto no Brasil e dar valor às nossas espécies nativas”, afirmou. Para Campello, é essencial tratar a agenda florestal como uma agenda econômica e criar um ambiente de confiança que atraia investidores e novos atores para o setor.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o Brasil não pode mais se limitar a combater o desmatamento: “O combate ao desmatamento permanece como uma das nossas principais entregas, mas também estamos dando passos decisivos na frente de restauro florestal. Não tem nada mais eficiente para sequestrar carbono do que plantar árvore”. Ele lembrou que o banco público tem papel essencial em áreas onde o setor privado não alcança: “O mercado resolve muitos problemas de financiamento, mas o BNDES pode ir além, com inovação, tecnologia e impacto social”.

Entre os anúncios, o destaque foi o financiamento de R$ 250 milhões para a Suzano, o maior volume já aprovado com recursos do Fundo Clima para restauração de mata nativa. O projeto prevê a recuperação de 24 mil hectares em biomas como Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, capturando cerca de 228 mil toneladas de gás carbônico equivalente por ano. Outro investimento, de R$ 100 milhões, foi destinado ao Grupo Belterra, que implantará sistemas agroflorestais em quatro estados, gerando renda, 350 empregos e a recuperação de 2,75 mil hectares degradados.

O evento também marcou o lançamento de uma nova chamada do programa Floresta Viva, em parceria com a Fundação Bunge e a Agrícola Alvorada S.A., com recursos de até R$ 10 milhões não reembolsáveis. Os projetos selecionados atuarão em 61 terras indígenas de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, contribuindo para o programa Arco da Restauração, que visa criar um cinturão verde de proteção na Amazônia.

No campo da inovação, o BNDES Floresta Inovação destinará R$ 24,9 milhões do Funtec a pesquisas em silvicultura de espécies nativas, fortalecendo o papel do Brasil como referência global no setor. Segundo o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, o país só alcançará suas metas de redução de emissões se combinar combate ao desmatamento e restauração florestal. “Temos aqui parceiros privados mostrando que é possível fazer restauro ganhando dinheiro e gerando economia. Não estamos falando de filantropia”, afirmou.

Durante o seminário, o diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Barbosa, enfatizou o papel das concessões florestais como instrumentos de desenvolvimento sustentável. Ele citou os projetos das florestas de Jatuarana (AM) e Bom Futuro (RO), que devem gerar juntos mais de R$ 5 bilhões em receita e investimentos sociais. “É um modelo inovador, que tem potencial para proporcionar a escala necessária à recuperação da Bacia Amazônica”, avaliou.

O debate também abordou o mercado de créditos de carbono. Para a chefe do Departamento de Apoio à Sustentabilidade do BNDES, Daniela Baccas, é necessário aprimorar a governança e as metodologias nacionais para destravar o mercado voluntário de carbono. Já Carina Vidal, do Ministério da Fazenda, ressaltou que o Fundo Clima é hoje o maior fundo de financiamento climático do Sul global.

Encerrando o encontro, o diretor-executivo do Climate Policy Initiative, Juliano Assunção, sintetizou o desafio brasileiro: “Nosso dever de casa é elevar o debate sobre florestas nas discussões do clima e promover o restauro florestal como uma solução importante para o mundo”.

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