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      Francisco Calmon

      Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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      Um presidente camaleônico e escorpiônico

      Selic a 15% é um acinte à toda teoria de economia política e também uma contradição com o cenário mundial

      Gabriel Galípolo (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

      E o Galípolo, que foi um camaleão, aliás, bem disfarçado, cuja fisionomia me parece de uma pessoa cínica, hipócrita, corre o risco de não parar em 15%, e usar o primeiro abalo, nacional ou internacional, não previsto, para mais adiante novo aumento, muito embora a fome do mercado já esteja saciada – por ora. 

      Este percentual já havia sido cantado pelo mercado e outrossim de que os juros só poderão começar a diminuir no próximo ano. Isto porque a banca está montada em títulos prefixados do tipo IPCA mais 7%, Selic mais 6%, de maneira que, como a banca nunca quebra, e quando ocorre o governo sustenta, como o PROER, precisam de tempo para honrar os compromissos anteriormente assumidos, sem prejuízo do capital financeiro. 

      E esse método de juros já ficou provado que ele não reduz a inflação. Ele só leva ao aumento dos preços, na medida que aumenta os juros e em decorrência aumenta o valor de empréstimo, o valor de investimento, o valor de consumo, enfim, o dinheiro fica mais caro.

      Eu vejo dois caminhos para segurar o Galípolo, o representante natural e originário do mercado financeiro, que são os seguintes. 

      Um movimento forte dos funcionários do Banco Central, em virtude do projeto que ele tem de transformar o Banco Central numa empresa privada, que abalem a sua gestão.

       E dois, o governo tomar vergonha, e, no Conselho Monetário Nacional, que tem dois dos seus representados, a ministra do Planejamento e o ministro da Economia, a Tabet e o Haddad, tomarem tenência e se imporem diante do Galípolo e elevarem a meta da inflação para 5%.

      Não adianta líderes do PT passarem pano e protegerem o presidente do BC. Ele é um agente do mercado. Pior: é cínico!

      Galípolo está fazendo o que só os ingênuos poderiam esperar outra coisa de um agente oriundo do mercado; a questão é: quem o indicou para o Lula como o "menino de ouro"? 

      Por que o CMN não altera a meta da inflação, sendo dois componentes membros do governo. Quem preparou o cadafalso da forca?

      Quem o levou para o Ministério da Fazenda foi Haddad, quem sugeriu o nome dele para o Lula como o quadro certo para o BC foi igualmente Haddad.

      O raciocínio fecha ou precisa desenhar?

      Meus dedos estão calejados de reescrever a assertiva que faço há longos meses: o governo está cercado por fora e minado por dentro. 

      Mas essa infiltração interna que trabalha contra o governo não foi obra dos adversários, e, sim, da própria política de conciliação e de cessão ao mercado e as forças de direita, inclusive, de certa forma, até da extrema-direita, basta ver os quadros bolsonaristas no governo.

      Lula lamentavelmente foi crédulo e empático com o “menino do mercado”, e se ao menino preguntassem o porquê desse aumento dos juros, ele diria: faz parte da natureza do BC, tal qual o caráter do escorpião.

      Ingenuidade ou teatro? 

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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