Um ano sem Nathalia Urban: a jornalista que fez da América Latina sua casa
Nathalia Urban segue inspirando o jornalismo latino-americano com sua coragem, afeto e visão crítica
Há um ano, partia Nathalia Urban, jornalista brilhante que deixou sua marca na forma como o Brasil olha para a América Latina. Aos 36 anos, um acidente em Edimburgo, na Escócia, interrompeu sua vida, mas não sua presença. Seus órgãos foram doados, gesto que simboliza aquilo que ela sempre foi: alguém que acreditava em partilhar a vida, em multiplicar afetos, em deixar sementes.
Formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Santos, Nathalia vivia na Escócia desde 2013 e se consolidou como repórter internacional do Brasil 247. Criou o programa Veias Abertas, em que traduzia para o público brasileiro os dilemas e as esperanças da América Latina, sempre com olhar crítico e interseccional. Não apenas noticiava fatos: ela tecia sentidos, aproximava fronteiras e revelava as histórias que não cabem no noticiário convencional.
Sua trajetória pessoal também moldou sua sensibilidade. Em dezembro de 2023, meses antes de sua partida, Nathalia enfrentou a perda do influenciador PC Siqueira, com quem viveu uma relação marcada por afetos e dores. Essa experiência, somada a tantas outras, fez dela uma jornalista ainda mais atenta à vulnerabilidade e à complexidade da vida humana.
Filha única, sem filhos, Nathalia deixou uma rede extensa de amigos, colegas e leitores. Deixou, sobretudo, um legado. Cada entrevista, cada texto e cada debate que protagonizou continuam reverberando em quem a acompanhava.
Lembrar Nathalia Urban hoje não é apenas falar da dor de sua ausência. É, sobretudo, reconhecer sua força: uma mulher que construiu pontes com suas lentes entre o Brasil e a América Latina, que inovou no jornalismo digital e que mostrou que contar histórias pode ser um ato de resistência.
Um ano depois, Nathalia segue viva em cada palavra, em cada memória, em cada gesto de quem acredita que outro mundo é possível — e que contar sua história é também continuar o trabalho dela.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.