Trump vai quebrar os Estados Unidos
Política econômica desastrosa colocam os EUA em risco sob comando de Donald Trump
A discussão começou com a entrada de Trump na presidência, quando seu novo governo, ao contrário do anterior, passou a demonstrar abertamente suas intenções fascistas perante o mundo. Após deportações arbitrárias, prisões inexplicáveis, a proposta de anexação da Groenlândia e a tentativa de mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, agora a guerra tarifária contra o restante do planeta é o capítulo que pode representar o ponto de inflexão da presidência. É verdade que, em teoria, a intenção de proteger a capacidade do país de produzir integralmente seus produtos levou a Rússia a conseguir fabricar um navio de guerra em seu próprio território — do parafuso aos programas de computador — mesmo sob bloqueios econômicos internacionais. No entanto, como os Estados Unidos são altamente dependentes de diversos processos de produção espalhados pelo mundo, dificilmente a condução atual da política tarifária solucionará os problemas internos, especialmente ao entrar em confronto com as universidades.
Mas de onde Trump tirou a ideia das tarifas? Desde sua primeira campanha presidencial, ele não contava com um consultor econômico oficial. Jared Corey Kushner, seu cunhado, indicou Peter Navarro após encontrar, em uma pesquisa no Google, o livro A morte pela China. Navarro passou então a ser o principal conselheiro econômico. Nesse livro, ele menciona diversas vezes um suposto especialista chamado Ron Vara como fonte de suas ideias sobre tarifas. Acontece que "Ron Vara" é um anagrama de "Navarro", o próprio sobrenome do autor. A fonte de sua suposta expertise era, na verdade, um personagem inventado. Essa é a base sobre a qual Trump se apoia. Como resultado, o mercado americano sofreu um prejuízo estimado em seis trilhões de dólares, a exemplo do que ocorreu na crise de 2008.
Toda a economia americana depende do mercado chinês — tanto na base de produção quanto no fornecimento de insumos tecnológicos avançados. O presidente tende a ceder e se mostrar fragilizado diante do mundo. O agronegócio americano já pede socorro e sinaliza falências iminentes. A China não recuou das tarifas de 125% impostas aos produtos dos EUA. Com isso, os produtores americanos estão perdendo espaço na venda de soja para o mercado chinês, enquanto o Brasil surge como maior beneficiário, com ganhos em contratos spot — negociações pontuais que envolvem urgência e pagamento à vista.
O iPhone, por exemplo, não sobrevive sem a China. Todos os aparelhos são produzidos no país asiático. Os Estados Unidos não possuem a expertise científica e industrial necessária para fabricar esse produto em território nacional. Diante disso, Trump correu para conceder isenção tarifária a produtos eletrônicos como celulares, chips e computadores. A Apple não fabrica iPhones: desenvolve a tecnologia, registra as patentes e comercializa os produtos. É por isso que Xi Jinping não demonstrou qualquer preocupação. A Nike tampouco fabrica tênis nos Estados Unidos: sua produção está concentrada no Vietnã, na China e na Indonésia. O know-how chinês abrange desde produções sofisticadas e tecnológicas, como o iPhone, até itens mais simples, como um par de tênis. A fábrica de Zhengzhou, por exemplo, conta com 250 mil trabalhadores em três turnos, operando dia e noite.
Em qualquer mercado é possível encontrar produtos com origem chinesa — inclusive o boné usado pelo presidente, com a frase “Make America Great Again”, é fabricado na China. O mercado de luxo americano, que muitos acreditavam ser artesanal e nacional, é produzido em larga escala por fábricas chinesas. Enquanto a China reduz os riscos de recessão, os Estados Unidos aprofundam sua crise. A situação se agrava com movimentos separatistas, como no Texas. A história americana mostra que quando estados tentaram se separar da União, como no período da Confederação, o resultado foi uma guerra civil que custou milhares de vidas. Talvez a China possa, no futuro, comprar os Estados Unidos — e, se depender de Trump, isso pode acontecer mais cedo do que se imagina.
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