Trump também se envolve na política e na Justiça da Colômbia e Petro reage

O Brasil e a Colômbia têm hoje um desafio em comum: as interferências do governo Trump nas decisões políticas e jurídicas das nações. Na sexta-feira passada, a Justiça colombiana condenou o ex-presidente Álvaro Uribe, do direitista Centro Democrático, a doze anos de prisão por “obstrução da Justiça” e por “manipular (subornar) testemunhas” na tentativa de não ser associado com paramilitares no conflito com guerrilhas colombianas. Uribe é o primeiro presidente a ser condenado pela Justiça, de acordo com a imprensa colombiana. Ele foi presidente entre 2002 e 2010 e em 2020 renunciou ao Senado em meio às investigações da Justiça que o levaram, então, à prisão domiciliar preventiva. A condenação de Uribe, na sexta-feira, inclui a sua inabilitação para exercer cargos públicos durante oito anos. Uribe diz ser inocente, avisou que apelará contra a decisão e criticou a juíza por acusar seus filhos de interferirem no caso, com a divulgação da sua pena. Mas o paralelo com o Brasil, após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, não se limita a referências aos filhos do acusado em questão. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, disse que o Poder Judicial da Colômbia foi usado como “uma arma” contra Uribe. “O único crime do ex-presidente colombiano foi lutar, sem descanso para defender seu país. O uso do Poder Judicial, por parte de juízes radicais, gerou um antecedente preocupante”, disse Rubio. O presidente Gustavo Petro, o primeiro de esquerda do país, reagiu, criticando as palavras de Rubio. Para Petro, trata-se de uma “intromissão na soberania nacional” e afirmou que na Colômbia a “independência dos Poderes” é respeitada. Até o momento, as tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações colombianas são de 10%, como as de alguns outros países da América Latina (Argentina, por exemplo). Mas analistas colombianos dizem estar “atentos” aos possíveis “efeitos” da condenação de Uribe, afinado com Trump. A Colômbia é um dos dez países que fazem fronteira com o território brasileiro. Com cerca de 47 milhões de habitantes, rica em recursos naturais, ela é também um país amazônico e o único a da América do Sul com acesso aos oceanos Atlântico (Mar do Caribe) e Pacífico. E no ano que vem, como o Brasil, realiza eleição presidencial. Mas Petro não deverá disputar a reeleição. Em 2015, a possibilidade foi eliminada.