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      Rachel Vargas

      Jornalista há 20 anos, atuou nas principais redações do país, como Correio Braziliense, Jornal de Brasília, TV Band, TV Justiça, Record TV e CNN. Há dois anos, começou a atuar em consultorias políticas e se especializou como consultora de relações institucionais e governamentais, função que também exerce na Ágora Advocacy.

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      Com "ajuda" de Trump, Lula reage e sobe nas pesquisas

      Tarifas de Trump sobre produtos do Brasil fortalecem Lula e ampliam desgaste de Bolsonaro, segundo pesquisa AtlasIntel

      Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | ABR)

      A pesquisa AtlasIntel divulgada nesta terça-feira confirmou que o tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros teria efeitos políticos severos sobre quem, supostamente, o norte-americano mais pretendia ajudar: Jair Bolsonaro. Se a ideia do norte-americano era dar sobrevida ao clã e forçar uma anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, o tiro saiu pela culatra. Além de o projeto que visa perdoar os acusados ter perdido ainda mais força no Congresso Nacional diante do tarifaço, grande parte dos entrevistados, 36,9%, atribui à família Bolsonaro a responsabilidade pela taxação. A maior parcela, 40,9%, acredita que as tarifas são uma retaliação pela participação do Brasil nos BRICS, e somente 16,8% associam as taxas às decisões do Supremo Tribunal Federal sobre redes sociais norte-americanas.

      O fato é que, além de colar na família Bolsonaro a imagem de uma decisão gravíssima para a economia do país, Trump ajudou o presidente Lula a capitalizar apoio sobre a política externa e as decisões adotadas nos últimos dias. Para a maioria, 44,8% dos entrevistados, a reação do Brasil foi adequada. Em outro quesito, 47,9% acreditam que o governo federal será capaz de negociar uma redução da taxação. Quando a pergunta é se Lula representa o Brasil no plano internacional melhor ou pior que Bolsonaro, 61,1% defendem o petista.

      Para o analista político da AtlasIntel, Yuri Sanches, a resposta do governo brasileiro foi essencial para que a maioria da população fizesse uma avaliação positiva, inclusive eleitores de centro-direita. “A resposta do Lula não foi agressiva, nem antiamericana. Foi na linha da defesa da soberania, das instituições, como deveria ser. O governo teve muita cautela, adotou uma postura diplomática e teve calma nas alternativas". Somado a isso, Yuri explica que a direita demonstrou desorganização com narrativas confusas; apoiou a taxação e ainda bateu cabeça ao expor lideranças em pé de guerra – como Tarcísio de Freitas e Eduardo Bolsonaro, ambos em busca de protagonismo na solução da crise.

      Lula ainda conseguiu neutralizar sua rejeição, atingindo patamar de empate técnico com o nível de aprovação, cuja diferença é de somente 0,6% (50,3% x 49,7%). Na última pesquisa, em junho, a reprovação era superior em 4,5% (51,8% x 47,3%). Além da ajudinha de Trump, Yuri explica que o cenário de recuperação já vinha se desenhando após os recentes embates do Congresso Nacional com o governo, situação na qual o Executivo encampou a narrativa do “nós contra eles”, favorecendo o argumento de que os parlamentares não querem taxar os ricos, mas somente os pobres.

      O cenário atual é positivo para Lula, que tem espaço para crescer ainda mais. Para Yuri, o segredo está em saber navegar a crise, aproveitar a proximidade com o empresariado – que tem se oposto a Bolsonaro e seu clã – e manter as respostas no campo diplomático. Se mantiver essa receita, Lula pode voltar ao patamar de aprovação de governos passados e neutralizar o bolsonarismo.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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