Tarifaço de Trump pode reeleger Lula e repetir efeito anti-Trump visto no Canadá
A imposição de tarifas de 50% por parte de Donald Trump sobre produtos brasileiros reacendeu a base social do petista e reposicionou o debate político de 2026
A imposição de tarifas de 50% por parte de Donald Trump sobre produtos brasileiros reacendeu a base social de Lula, reposicionou o debate político de 2026 e pode repetir um fenômeno que já derrubou conservadores no Canadá e na Austrália.
Reportagens recentes do New York Times, La Nación, BBC News e Reuters apontam que o chamado “efeito anti-Trump” ajudou Lula a recuperar terreno perdido na opinião pública, ao transformar o embate com o presidente dos EUA em uma narrativa de resistência nacional. A última pesquisa Genial/Quaest comprova: a desaprovação ao governo caiu de 57% para 53%, e a aprovação subiu de 40% para 43%, rompendo a tendência de queda que se arrastava desde julho de 2024.
A hostilidade de Trump reacendeu a imagem de Lula como defensor do Brasil
A crise se transformou numa oportunidade política. A retórica agressiva de Trump, que inclui investigações sobre o Pix e alinhamento com Big Techs e o bolsonarismo, foi inteligentemente apropriada pelo Planalto. Lula passou a se apresentar como o único capaz de “defender o Brasil de um valentão”, nas palavras do New York Times, e lançou um novo bordão: Brasil é dos brasileiros. A frase estampou bonés e perfis oficiais do governo nas redes sociais.
O impacto não se limitou ao marketing digital. Segundo a pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira, 17 de julho, Lula voltou a vencer Bolsonaro e outros nomes da direita em todos os cenários de segundo turno simulados. E, mais importante: o número de brasileiros que deseja vê-lo candidato à reeleição passou de 32% para 38%.
O fantasma do ‘efeito Trump’ ronda a direita brasileira
O episódio remete ao que ocorreu no Canadá em abril passado, quando os liberais derrotaram os conservadores alinhados com Trump. Lá, como aqui, a retórica beligerante do republicano ajudou a mobilizar setores do eleitorado que se sentem ameaçados por interferências estrangeiras e extremismo econômico.
Essa memória eleitoral é importante: o “efeito Trump” não é apenas um fator externo, mas uma variável decisiva na política doméstica de países aliados dos EUA. Ao provocar Lula com tarifas unilaterais e ameaças diplomáticas, Trump ofereceu ao petista uma nova chance de polarizar a disputa sob a chave da soberania.
A reeleição de Lula pode passar por Washington
Em vez de fragilizar o governo, o tarifaço deu a Lula um inimigo externo legítimo. No xadrez eleitoral de 2026, essa virada pode ser crucial. A direita, que apostava no desgaste econômico e no antipetismo, agora enfrenta um revés simbólico: está associada a uma agressão internacional contra os interesses brasileiros. A tentativa de Bolsonaro de surfar na onda trumpista pode sair pela culatra.
Em Brasília, o efeito já é perceptível. Líderes do Centrão, empresários e até setores da oposição passaram a tratar a retórica de Trump como fator de risco. No Planalto, a ordem é clara: manter a tensão viva, reforçar a mensagem patriótica e destacar que Lula é o único capaz de enfrentar “ameaças externas e internas”.
Trump é o maior cabo eleitoral de Lula em 2026
O que começou como uma ofensiva econômica se tornou um trunfo político. Trump, ao tentar interferir na eleição brasileira, involuntariamente entregou a Lula a oportunidade de unir sua base, dialogar com o centro e recuperar a narrativa da defesa nacional. Se mantido esse cenário, o petista chega a 2026 com vantagem estratégica, emocional e simbólica.
No fim das contas, a eleição brasileira pode ser decidida em Washington, e, ironicamente, em favor de Lula.
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