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      Paulo Henrique Arantes

      Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

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      Palavra final sobre extradição de Zambelli será de Mattarella, não de Meloni

      Mesmo com o alinhamento ideológico, Meloni não arriscará seu capital político por uma extremista irrelevante como Carla Zambelli

      Carla Zambelli (Foto: Lula Marques/ EBC)

      É praticamente unânime a opinião de que a Justiça italiana irá autorizar a extradição da deputada foragida Carla Zambelli (PL-SP). Condenada por crime comum no Brasil, a parlamentar não conseguirá provar que é uma perseguida política. Sua dupla cidadania não impede a extradição, pois a cidadania prevalente é a brasileira — ela nunca residiu, estudou ou trabalhou na Itália.

      Extradições realizadas pela Itália, de condenados em outro país, dependem de uma ordem do chefe de Estado — o presidente da República — após autorização da Justiça. Não será, portanto, a primeira-ministra Giorgia Meloni, direitista empedernida, quem dará a última palavra sobre Zambelli, mas sim o presidente Sergio Mattarella.

      Claro, Meloni pode tentar influenciar Mattarella, mas as apostas são de que nem ela, que integra o MSI, grupo político descendente do fascismo, terá disposição política para agir contra a extradição de Zambelli. A primeira-ministra não se desgastará por uma parlamentar brasileira sem qualquer relevância política internacional.

      Menos ainda fará por Zambelli o presidente Mattarella, integrante do histórico PD (Partido Democrático), eleito e reeleito, conhecido por suas posições moderadas e seu compromisso com os valores democráticos e o Estado de Direito. E a presidência do jurista Mattarella está longe de ser meramente decorativa.

      Vale lembrar que Sergio Mattarella já interveio em crises políticas, como a que resultou na queda de governos instáveis. Recusou a nomeação de ministros em situações de grave risco à ordem constitucional, como quando vetou o eurocético Paolo Savona para o Ministério da Economia. Também convocou figuras técnicas, como Mario Draghi, para formar governos de emergência.

      Embora discreto, Mattarella costuma exercer autoridade real e relevante nos bastidores, com foco na estabilidade institucional e na preservação da Constituição. Não será ele o homem a garantir liberdade a uma criminosa como Carla Zambelli.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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