TV 247 logo
      Camilo Irineu Quartarollo avatar

      Camilo Irineu Quartarollo

      Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

      112 artigos

      HOME > blog

      O nome do crime

      A mídia mostra crianças alvejadas na cabeça, jovens nos testículos, gestantes no útero e idosos ao agacharem com o cajado

      A fome se alastra em Gaza (Foto: Hatem Khaled/Reuters)

      A manifestação inaugural do papa Leão XIV foi pela “paz desarmada”. Expressão de pouca repercussão midiática, quase imperceptível. A ênfase noticiosa foi pela ascensão de um americano chileno ao trono papal. 

      O tema recorrente no mundo atual é Gaza. Os argumentos de que Israel esteja se defendendo, de que seria aniquilado, ou ainda, de que seja a única democracia entre ditaduras no Oriente, não se justificam. 

      A ministra Gila Gamliel expõe em vídeo a região reconstruída por inteligência artificial sob o signo sionista. Um lugar auspicioso para magnatas e sem espaço algum aos palestinos. A cidade seria um monte de arranha-céus à beira mar e um prédio com a marca Trump. Seria a Riviera do Oriente? A realidade crua é que o lugar é um haceldama (At, 1, 19), cemitério, campo de sangue comprado pelo dinheiro de traição de um judas suicida.

      Israel atacou a única igreja católica e matou três fieis, feriu outros e uma das vítimas foi o padre Gabriel Romanelli, ao qual o velho Francisco telefonava todo o dia no entardecer. No enclave palestino, a paróquia abrigava cristãos, muçulmanos e crianças com deficiência, registrou o diretor Fadel Naem, do hospital Al-Ahli Arab. 

      Não somente a representação católica, mas outras instituições como as mesquitas, hospitais e universidades ficam em escombros para varrer essa gente de suas propriedades e existências. A mídia mostra crianças alvejadas na cabeça, jovens nos testículos, gestantes no útero e idosos ao agacharem com o cajado a pegar algum pão. Ualid Rabah, presidente da FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil), explica que o bombardeio intermitente, destruição de igrejas, mesquitas, escolas, ambulâncias e infraestrutura civil e locais de registro, é para que os invasores se eximam de quaisquer responsabilidades ou condenações pelos crimes de guerra e demonstram a intenção de “chegar a uma Palestina sem palestinos”. O presidente da FEPAL declara que “Estamos vivendo o primeiro Holocausto televisionado, a primeira solução final televisionada”. O colunista Leonardo Sakamoto da Uol, um jornalista crítico, diz que “Israel mata crianças de fome em Gaza enquanto o mundo debate o nome do crime”.

      O Brasil aderiu formalmente ao processo em curso na Corte Internacional de Justiça (CIJ) das Nações Unidas, movido pela África do Sul contra o genocídio na Palestina e declara que “...já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política”. Israel reage dizendo que o ato de adesão ao processo pelo Brasil nos seja uma "profunda falha moral". Evidente que se não houver especificamente genocídio a ação não prosperará. Entretanto, o que vemos na mídia e redes sociais afronta nosso senso de humanidade. Contra quaisquer críticas a suas ações letais Israel alega recorrentemente e sempre o antissemitismo, a autodefesa e, recentemente, a falha moral alheia, mas qual o nome do crime? Materialidade é o que não falta!

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...