O nome do crime
A mídia mostra crianças alvejadas na cabeça, jovens nos testículos, gestantes no útero e idosos ao agacharem com o cajado
A manifestação inaugural do papa Leão XIV foi pela “paz desarmada”. Expressão de pouca repercussão midiática, quase imperceptível. A ênfase noticiosa foi pela ascensão de um americano chileno ao trono papal.
O tema recorrente no mundo atual é Gaza. Os argumentos de que Israel esteja se defendendo, de que seria aniquilado, ou ainda, de que seja a única democracia entre ditaduras no Oriente, não se justificam.
A ministra Gila Gamliel expõe em vídeo a região reconstruída por inteligência artificial sob o signo sionista. Um lugar auspicioso para magnatas e sem espaço algum aos palestinos. A cidade seria um monte de arranha-céus à beira mar e um prédio com a marca Trump. Seria a Riviera do Oriente? A realidade crua é que o lugar é um haceldama (At, 1, 19), cemitério, campo de sangue comprado pelo dinheiro de traição de um judas suicida.
Israel atacou a única igreja católica e matou três fieis, feriu outros e uma das vítimas foi o padre Gabriel Romanelli, ao qual o velho Francisco telefonava todo o dia no entardecer. No enclave palestino, a paróquia abrigava cristãos, muçulmanos e crianças com deficiência, registrou o diretor Fadel Naem, do hospital Al-Ahli Arab.
Não somente a representação católica, mas outras instituições como as mesquitas, hospitais e universidades ficam em escombros para varrer essa gente de suas propriedades e existências. A mídia mostra crianças alvejadas na cabeça, jovens nos testículos, gestantes no útero e idosos ao agacharem com o cajado a pegar algum pão. Ualid Rabah, presidente da FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil), explica que o bombardeio intermitente, destruição de igrejas, mesquitas, escolas, ambulâncias e infraestrutura civil e locais de registro, é para que os invasores se eximam de quaisquer responsabilidades ou condenações pelos crimes de guerra e demonstram a intenção de “chegar a uma Palestina sem palestinos”. O presidente da FEPAL declara que “Estamos vivendo o primeiro Holocausto televisionado, a primeira solução final televisionada”. O colunista Leonardo Sakamoto da Uol, um jornalista crítico, diz que “Israel mata crianças de fome em Gaza enquanto o mundo debate o nome do crime”.
O Brasil aderiu formalmente ao processo em curso na Corte Internacional de Justiça (CIJ) das Nações Unidas, movido pela África do Sul contra o genocídio na Palestina e declara que “...já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política”. Israel reage dizendo que o ato de adesão ao processo pelo Brasil nos seja uma "profunda falha moral". Evidente que se não houver especificamente genocídio a ação não prosperará. Entretanto, o que vemos na mídia e redes sociais afronta nosso senso de humanidade. Contra quaisquer críticas a suas ações letais Israel alega recorrentemente e sempre o antissemitismo, a autodefesa e, recentemente, a falha moral alheia, mas qual o nome do crime? Materialidade é o que não falta!
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