O governo Lula saiu das cordas e nós estamos com a posse de bola agora — ou a boa e velha luta de classes
Reação popular, mudança de estratégia e embates com a elite reverteram ofensiva do Congresso e fortaleceram o governo Lula no Congresso e nas ruas
O tarifaço de Trump, as medidas impopulares do Congresso, somadas a uma belíssima campanha na web que colocou o guizo de “elitista e impopular” nos presidentes das duas casas do Congresso, além da desastrada articulação bolsonarista para taxar o Brasil em troca de livrar o clã Bolsonaro da cadeia, mudaram a percepção popular.
Economicamente, os resultados do governo Lula — emprego, renda, PIB — eram bem nítidos, mas a percepção popular, por conta de uma permanente campanha de difamação, não era compatível com os resultados alcançados pelo governo.
A ruptura entre o governo e parte da “base aliada” que o traiu demonstrou que a ideia de conciliar a qualquer preço, em troca de apoio, era desastrosa.
Não foi só a campanha midiática contra as medidas elitistas de Hugo Motta e Alcolumbre — foi a coragem de Lula de impor limites e não aceitar retirar do orçamento recursos para previdência, salário mínimo, saúde e educação que criou a possibilidade de contra-ataque do PT, alicerçada na boa e velha luta de classes, no tom direto de “nós (o povo) contra eles (elite e Congresso)”.
Após algumas bravatas por parte dos líderes do Senado e da Câmara, a reação popular — com a reprovação pública dos atos de Alcolumbre e Hugo Motta — e uma recuperação sólida da popularidade de Lula e do PT levaram ao recuo da elite e do Centrão.
Em uma semana, duas vitórias gigantes:
- Arthur Lira parou de ameaçar e de brecar o projeto de justiça fiscal do IR, que desonera os mais pobres e taxa os mais ricos. A proposta já foi aprovada por larga maioria na Comissão Especial da Câmara, com a manutenção do texto original do governo.
- O STF barrou a isenção dos super-ricos no IOF e manteve as alíquotas propostas pelo governo.
O momento é nosso, mas ele só foi possível a partir de uma mudança de linha e de abordagem do governo Lula, que passou a traçar limites claros sobre até onde o diálogo com setores de direita e conservadores — que integram a base aliada — pode ir. Houve também uma mudança, inclusive, na linguagem do governo. Saímos do derrotista e desgastado “pragmatismo” para voltar a usar a boa e velha luta de classes.
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