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Conexão China, com Miguel do Rosário

Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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O adulto na sala: o discurso de Li Qiang na ONU

O premiê Li Qiang afirmou na ONU que a China reduziu sua tarifa média para 7,3% e segue aberta ao mundo

Li Qiang discursa na ONU (Foto: Reprodução / ONU)

O premiê Li Qiang afirmou na ONU que a China reduziu sua tarifa média para 7,3% e segue aberta ao mundo. Ele deu esse recado na 80ª Assembleia Geral em resposta ao tarifaço irracional e grotesco imposto por Donald Trump ao mundo inteiro.

O ex-presidente americano havia falado por mais de uma hora e não apresentou uma única proposta concreta.

Li, por sua vez, apresentou caminhos práticos e contrapôs a cooperação ao unilateralismo violento dos Estados Unidos.

Trump fez um discurso narcisista, marcado por ameaças e desinformação. Li respondeu com serenidade e clareza. Ele disse que “solidariedade levanta todos, enquanto a divisão arrasta todos para baixo”. Ao contrário do apelo ao medo, a China destacou que “devemos resolver diferenças de forma pacífica, por meio da consulta e do diálogo”.

O premiê afirmou que “quando a força dita o direito, o mundo corre risco de divisão e retrocesso”. Defendeu o respeito ao direito internacional e criticou o bullying das potências. Disse que “só quando todos os países, grandes ou pequenos, são tratados como iguais, e o verdadeiro multilateralismo é praticado, os direitos e interesses de todas as partes podem ser protegidos”.

Li falou diretamente para a Europa e os Estados Unidos. Ele rejeitou a mentalidade da Guerra Fria e atacou a ideia de superioridade cultural. “Cada civilização tem seu valor único e merece reconhecimento e respeito”, declarou. Para ele, a obsessão com círculos ideológicos e civilizacionais apenas alimenta divisão e confronto.

O discurso trouxe anúncios concretos. Li anunciou a criação de um centro global de desenvolvimento sustentável em Xangai, em parceria com a ONU. Confirmou um aporte de US$ 10 milhões para o fundo de cooperação Sul-Sul. Informou que a China entregará à ONU as amostras lunares coletadas pela missão Chang’e 6, primeira a trazer solo do lado oculto da Lua. E destacou a proposta chinesa de uma Organização Mundial de Cooperação em Inteligência Artificial.

Li defendeu a necessidade de enfrentar o aquecimento global. Ele reafirmou o compromisso chinês com o Acordo de Paris e lembrou que o país construiu o maior sistema de energia renovável do mundo. Apresentou ainda a Global AI Governance Initiative, que estabelece princípios de governança internacional para a tecnologia emergente.

O premiê disse que a China “tem confiança e capacidade para manter sua economia em trajetória ascendente e continuar a fornecer apoio importante para o crescimento global”. Ele lembrou que o país já contribuiu com cerca de 30% da expansão econômica mundial nos últimos anos e segue como segundo maior importador do planeta há 16 anos consecutivos.

Leia aqui a transcrição completa de sua fala. 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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