Miséria em São Paulo

Pesquisas eleitorais dão conta de que a direita está dividida, mas, se as eleições fossem hoje, teria candidatos competitivos para a sucessão de Lula, caso superassem as divergências internas. É claro que, ao contrário da esquerda, a direita – em particular, a extrema direita neofascista – se unirá em torno de um nome forte para 2026. O governador fluminense em São Paulo é um desses nomes, ainda que tente ser vendido como bolsonarista que tem modos à mesa. 

As intenções de Tarcísio de Freitas estão nebulosas, pois pode ter a chance de uma reeleição com poucos obstáculos, abençoado que é pela Faria Lima e cujo desmonte estatal está sendo muito bem escondido. Dizem que são os próprios Bolsonaros que dificultam sua vida, mas isso é bastidor de histórias podres que virão à tona apenas se aparecer um outro Mauro Cid para tudo delatar. Nesse meio, impera a covardia quando exposta à luz. 

A última jogada do governador foi “investir” em programa popularesco, alocando menos de R$1.500 por família paulista vulnerável para extinguir a miséria, por meio de “plano individualizado de desenvolvimento, com inclusão social e econômica”. É isso que está dito em seu artigo “Todos pela superação da pobreza”, publicado na “plural” Folha de S. Paulo (27/5), cheio de aleivosias. Ele divulga o valor milionário da proposta, mas, ao dividir pelo número de famílias atendidas, chega-se no salário-mínimo. Diz o ditado que tanto o inferno quanto o Palácio dos Bandeirantes estão cheio de boas intenções e não há nenhum elemento estruturante nessa proposta. Como diz a música dos Titãs, inspirada por Tolstói, “miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes”. A proposta parece apenas mais um afago para o lado mais pobre do eleitorado, visando voos políticos futuros. Apenas isso.