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      Maria Luiza Franco Busse

      Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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      Janeiro promete

      “O Rio é importante demais para ser balneário de milícia", disse o ex-prefeito de Maricá, Fabiano Horta, que passou a faixa hoje a Washington Quaquá

      Washington Quaquá (PT-RJ) (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

      A cidade do Rio de Janeiro amanheceu solar no primeiro dia do ano de 2025. A padaria abriu cedinho e o pão e o leite estavam nas ruas quando muita gente ainda nem tinha dormido. No município de Maricá, a cerca de 60 quilômetros, tomou posse o prefeito Washington Quaquá, eleito para o terceiro mandato com mais de 73% dos votos válidos. No próximo dia 10, toma posse Nicolas Maduro, presidente eleito da república bolivariana da Venezuela. Dia 20, a posse é de Donald Trump para presidente do Estados Unidos da América.

      Em Maricá, Quaquá recebeu a faixa do correligionário Fabiano Horta, que deixou o segundo mandato com mais de 80% de aprovação. Esperado. A novidade é que duas semanas antes, na reunião ampliada do diretório regional do PT-RJ, Fabiano Horta anunciou sua pré-candidatura ao governo do Estado. Sem conversa fiada, foi direto: “O Rio é grande demais, importante demais, para ser balneário de milícia. Esse ciclo precisa ser rompido, e vamos retomar o papel do Estado na implementação das políticas sociais e de segurança, acabando com a segurança do espetáculo e industrializando o Rio de Janeiro”. 

      Em se tratando de uma fala que vem de Maricá, tem crédito. Nesses 16 anos de administração petista ininterrupta, a implementação da economia solidária consolidou “o jeito petista de governar. O royalty do petróleo que hoje chega a 70 milhões anual é investido na qualidade de vida que recebeu o índice de 0,765 de Alto Desenvolvimento Humano Municipal. A categoria de Muito Alto está na faixa de 0,800-1.000.

       “O jeito petista de governar” vem se traduzindo em transporte, saúde e educação gratuitas, hortas urbanas comunitárias de abastecimento grátis à população, formação de mão de obra qualificada nas áreas de comunicação e cultura para todas as idades, acordo com universidades para desenvolvimento de projetos de cadeia produtiva autossustentável associada à preservação ambiental, e por aí vai. Maricá surpreende, sobretudo por ser o único lugar em que é possível testemunhar cidadão pagar imposto sem reclamar. 

      Na Venezuela, Nicolas Maduro reiterou o compromisso de dar seguimento e aprofundar a política de administração direta popular e protagônica inaugurada por Chávez há 26 anos e que leva a consigna “Comuna ou nada”. Para terror de uma elite reacionária das mais violentas e golpistas. “Comuna ou nada” é coisa muito simples. A população se organiza nos seus estados, municípios e lugarejos, levanta os problemas, elenca, debate, e vota em escrutínio oficial os sete itens considerados prioritários pela população. As três demandas mais votadas seguem para o executivo central que analisa os projetos a partir de critérios de conhecimento prévio das comunas. Tudo dentro dos conformes, o dinheiro é liberado direto para a comunidade, sem passar por prefeito, governador ou deputado. Não existe orçamento secreto da Venezuela. Lá não tem lira nem na estatal Orquestra Sinfônica Simon Bolivar, a maior do mundo segundo o Guiness Book dos recordes, com 12 mil integrantes, e que deu aos amantes da música, a graça, a originalidade e a competência de reconhecimento internacional de Gustavo Dudamel, 43 anos, maestro principal da Sinfônica de Gotemburgo, Suécia, e diretor musical da Filarmônica de Los Angeles, Estados Unidos. Nas comunas venezuelanas se cultiva a transparência da governança bolivariana.

      No Estados Unidos da América, Donald Trump foi eleito para um segundo mandato e será o 47º presidente da federação estadunidense. Os malpassados imperialismo e capitalismo devem seguir na marcha pela hegemonia do poder universal, para enfado do pacífico sul global que, entretanto, já recomendou ao elefante republicano e ao burro democrata pararem de cutucar os ursinhos Panda e Micha.

      Para além das posses, neste 2025 o Brasil tem a oportunidade de enfrentar militares envolvidos na tentativa do golpe de 8 de janeiro de 2024 contra a democracia e assassinato do presidente Lula, do vice Alkmin e de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal. A prisão do general quatro estrelas Walter Braga Netto acelerou o trabalho da Procuradoria Geral da República de analisar o inquérito que pode indiciar 49 denunciados dentre os quais o ex-presidente inelegível. 

      Durante os 21 anos da ditadura somados aos últimos 40 anos de democracia, pareceu impossível confrontar na Justiça os militares que torturaram e botaram o aparato institucional a serviço da tortura, do assassinato, e de toda a sorte de barbaridade. 

       Em 1981, quatro anos antes do fim oficial da ditadura, a atriz Dina Sfat protagonizou acontecimento impensável no programa Canal Livre, criado e dirigido por Fernando Barbosa Lima, mestre com quem muitos de nós aprendeu a fazer televisão e jornalismo. O entrevistado era o general Dilermando Monteiro, ex-comandante do II Exército. Dina estava de debatedora. Entrou muda, mas não saiu calada. Provocada pelo apresentador a perguntar alguma coisa, Dina pronunciou:  – Não quero perguntar. Eu tenho medo de generais. Porque sei como isso começa, mas não sei como termina.

      Dina morreu há 35 anos, de câncer, aos 49 anos. Por certo ela iria gostar de saber que a democracia brasileira segue lutando para amadurecer, assim como ela lutou no pouco e intenso tempo em que passou por aqui. 

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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