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André Gattaz

Historiador e analista de geopolítica. Substack do autor: andregattaz.substack.com

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Israel bombardeia negociações de paz

Fazendo uso de sua autorização para desrespeitar o direito internacional, Israel bombardeia o Qatar para frear as negociações em curso

Ataque do regime sionista israelense no Catar (Foto: Reuters)

Nesta terça-feira o Estado pária de Israel surpreendeu o mundo ao bombardear Doha, no Qatar, para tentar eliminar a delegação do Hamas que discutia um acordo de paz com os representantes sionistas. O pequeno país do golfo pérsico, um dos muitos “aliados” estadunidenses na região (mais precisamente “procuradores”), emitiu uma nota de repúdio, mas não irá muito além disso, uma vez que tampouco os Estados Unidos condenaram o ataque.

O que não surpreendeu ninguém, no entanto, foi a iniciativa israelense de sabotar um processo de paz em andamento, como já ocorreu tantas outras vezes na história do país colonialista. Basta lembrarmos do defunto “processo de paz de Oslo”, que não apenas exigia muito mais dos palestinos, como era sistematicamente boicotado por Israel – por exemplo com a construção incessante de novos assentamentos, muros, postos de controle e estradas exclusivas nos territórios ocupados da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental (conquistados na Guerra dos Seis Dias, em 1967).

O que torna os dias atuais mais tenebrosos do que a já tenebrosa história da conquista israelense dos territórios palestinos é que à propensão inata deste estado colonialista de avançar sobre territórios que não lhes pertencem, uniram-se as necessidades políticas imediatas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção e contestado por grande parte da população, cansada com a guerra em Gaza. Obviamente não se trata aqui de nenhuma preocupação com a vida dos milhares de palestinos mortos por bombardeios ou pela fome, apenas um desejo de voltar à vida normal, uma vez que a economia e a vida social do país vêm sendo comprometidas pelas guerras de Netanyahu.

A se lamentar a inoperância e covardia dos governos das potências e ex-potências ocidentais (EUA, Reino Unido, França), que poderiam impor sanções e punições a Israel por meio da ONU, e ao mesmo tempo promover a recuperação do território palestino e uma solução política para o problema. Diante dessa covardia, Israel sente-se autorizado a desrespeitar a lei internacional, dando curso à sua guerra eterna (que atualmente tem como inimigos Palestina, Líbano, Síria, Irã, Qatar e Iêmen), e não tendo que se preocupar com nada mais do que as “palavras duras” emitidas por líderes impotentes, que nunca chegam à ação.

 

 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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