Governo aposta em novo junho de 2013
Há, porém, diferenças cruciais
Comunicação do governo Lula decidiu combater fogo com fogo. A extrema-direita quer guerra eleitoral em 2026 — e vai ter.
É possível fazer uma analogia entre a Campanha Contra os Super-Ricos de 2025 e os Protestos de Junho de 2013. Esta análise explora a possibilidade de traçar uma analogia entre a campanha do governo Lula contra os super-ricos, lançada em meados de 2025, e os protestos de junho de 2013 no Brasil.
Os protestos de junho de 2013 começaram como uma resposta ao aumento das tarifas de transporte público, liderados pelo Movimento Passe Livre (MPL), mas rapidamente expandiram-se para incluir demandas mais amplas.
Aquelas manifestações envolveram centenas de milhares de pessoas em mais de 80 cidades, com picos de até 2 milhões de participantes simultâneos nessas cidades, como reportado pelo diário britânico The Guardian em 21 de junho de 2013.
As demandas incluíam combate à corrupção, melhoria nos serviços públicos como saúde e educação, e críticas à violência policial. As redes sociais foram fundamentais para organizar e disseminar as marchas, com o movimento sendo descrito como uma das maiores mobilizações, então, desde 1992, segundo a revista estadunidense Americas Quarterly.
O impacto político daquele movimento foi significativo, contribuindo para a queda na popularidade de Dilma Rousseff e, eventualmente, para seu impeachment em 2016, além de abrir caminho para a ascensão de Jair Bolsonaro, conforme a revista The Atlantic em 20 de junho de 2018.
Já a campanha contra os super-ricos, iniciada em junho de 2025, foi liderada pelo governo Lula com foco no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e na proposta de taxar bilionários, bancos e casas de apostas, apelidada de "taxação BBB".
A narrativa dita pela mídia conservadora como "nós contra eles" foi central, destacando a necessidade de corrigir desigualdades fiscais. O movimento eclodiu em eventos públicos como o de Lula aparecendo com cartazes de "taxação BBB" em Salvador, em 2 de julho de 2025.
A pesquisa Quaest registrou 4,4 milhões de menções nas redes sociais entre 24 de junho e 4 de julho de 2025, superando crises anteriores como o escândalo do INSS, com hashtags como "InimigosDoPovo" e "Congresso da Mamata" amplificando a mensagem.
O jornal Valor Econômico, de 3 de julho de 2025, sugere que a campanha aumentou a popularidade de Lula em cerca de 5 pontos percentuais, descolando-o das críticas e direcionando-as ao Congresso, especialmente ao presidente da Câmara, Hugo Motta.
A aposta da Secom do governo federal, pois, é em forte mobilização popular, embora em formas diferentes. Em 2013, as redes sociais foram cruciais para organizar marchas, com milhões nas ruas, enquanto em 2025 a campanha digital mostrou potencial em desencadear movimento semelhante, com milhões de menções nas redes. E a estratégia promete muito mais.
A disseminação de mensagens via hashtags, como "Revolta do Vinagre", em 2013, e "InimigosDoPovo", em 2025, confere papel central às mídias sociais em ambos os casos.
Os dois momentos desafiam o status quo, com os protestos de 2013 questionando o sistema político e a campanha atual pressionando o Congresso por proteger os ricos.
A analogia entre a campanha contra os super-ricos de 2025 e os protestos de junho de 2013 é válida no sentido de que ambos representam momentos de mobilização popular contra a desigualdade e o establishment político, com redes sociais como ferramenta central.
Há, porém, diferenças cruciais: enquanto os protestos de 2013 contribuíram para a queda de Dilma, a campanha de 2025 fortaleceu Lula, demonstrando habilidade de seu governo em canalizar o descontentamento popular a seu favor. E sem “Black bloc”...
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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