Paulo Henrique Arantes avatar

Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

367 artigos

HOME > blog

Governador Coca-Cola

Tarcísio de Freitas está a partir de agora rotulado de “governador Coca-Cola”

Tarcísio de Freitas (Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)

Humildemente, reconhecemos que acertamos ao afirmar, em 8 de setembro último, que Tarcísio de Freitas desenvolvera o funcionamento psíquico defensivo chamado “falso self”. O diagnóstico decorria de suas falas ridículas em cima de um carro de som no 7 de Setembro e de outras atitudes típicas dos acometidos pelo transtorno. Assim explicamos há um mês:

Pela teoria do psicanalista britânico Donald Winnicott, Tarcísio de Freitas desenvolveu o chamado “falso self”, mecanismo pelo qual a pessoa constrói uma fachada irreal de sua verdadeira face para agradar a outros, ocultando o verdadeiro self, seu “eu” autêntico e espontâneo. Esse conceito, aplicado inicialmente a bebês, expandiu-se para pessoas de todas as idades e está ligado à sensação de vazio, futilidade e irrealidade.

_Os atormentados pelo “falso self”, como Tarcísio de Freitas, usam um tom impositivo para compensar inseguranças._ _Apesar da postura rígida, duvidam de si e buscam validação externa para reforçar a imagem. Tendem a rejeitar ideias alheias por medo de parecerem fracos e, então, fazem besteira. Alternam momentos de falsa bravura com crises de ansiedade ou raiva._

Odiento no 7 de Setembro para agradar a alguns, “engraçadinho” agora para, num rompante patético, tentar desanuviar a tensão. Esse é Tarcísio, sempre canhestro, sempre inoportuno, sempre pendular.

O governador de São Paulo demonstra, definitivamente, que o “falso self” veste-o à perfeição. Abstêmio, ele simplesmente comemorou o fato de o metanol não ser usado para falsificar a Coca-Cola, mas apenas bebidas alcoólicas. Piada de mal gosto e desrespeitosa para com as vítimas da intoxicação, bem ao gosto de governantes inertes diante de problemas sobre os quais deveriam se debruçar. O mesmo cometeu Jair Bolsonaro ao lembrar não ser coveiro quando a pandemia matava milhares.

Tarcísio de Freitas está a partir de agora rotulado de “governador Coca-Cola”. Para compreender a alcunha, é preciso retroceder aos anos 1980. Em síntese, ganhavam o apelido de Coca-Cola aqueles que se revelavam “só pressão”, assim como o teor do refrigerante, altamente gasoso mas livre de qualquer valor nutritivo. O termo cabia em pessoas de aparência vistosa, porém superficiais. Apenas espuma, sem substância.

Nos anos 80, ser Coca-Cola significava ter estilo, aparência e discurso de modernidade acompanhado de um enorme vazio conceitual. Também eram chamados de Coca-Cola os produtos da mídia e da publicidade desprovidos de qualquer essência. Nada mais Tarcísio de Freitas.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...