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      Miguel do Rosário

      Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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      Datafolha: Lula amplia vantagem e consolida liderança para 2026

      Pela primeira vez desde abril, Lula combina crescimento numérico e margem de segurança mínima sobre todos os adversários testados para 2026

      Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

      Foi curioso ver a Folha trazer a “notícia” de que os ataques de Trump ao Brasil não haviam impactado a avaliação do governo Lula, quando todos os institutos de pesquisa disseram exatamente o contrário.

      Inclusive o Datafolha, que é o instituto de pesquisa do próprio grupo Folha

      Embora a aprovação geral do governo Lula neste último Datafolha tenha permanecido estável, a sondagem sobre intenções de votos para 2026 mostra uma melhora sensível no desempenho do presidente.

      A mais recente pesquisa sobre a sucessão presidencial de 2026 trouxe dois dados centrais: 1) o avanço de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno e 2) o alargamento da distância que o separa de Jair Bolsonaro e Tarcísio, seus adversários mais competitivos, em cenários de segundo turno.

      No painel de primeiro turno que reúne Bolsonaro, Ratinho Junior, Ronaldo Caiado e Romeu Zema, Lula subiu de 36% para 39%, enquanto o ex-presidente recuou de 35% para 33%. A diferença de seis pontos é a maior registrada desde o início do ano e evidencia retomada de fôlego do petista.

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      No segundo turno o movimento se repete. Lula chega a 47% ante 43% de Bolsonaro, recuperando parte do terreno perdido em junho e restabelecendo margem de quatro pontos no limite da margem de erro.

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      Contra Tarcísio de Freitas, a curva também é ascendente: 45% a 41% para o presidente, após empate técnico no levantamento anterior. Embora ainda exista empate estatístico, a probabilidade de Lula liderar voltou a ser a mais alta entre todos os confrontos testados.

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      A sustentação desse avanço reside em faixas sociais já identificadas como decisivas em 2022, mas que agora exibem fidelidade ampliada. Entre eleitores com 60 anos ou mais, Lula atinge 46%, dezenove pontos à frente de Bolsonaro. No estrato de escolaridade fundamental, a vantagem é ainda mais expressiva: 48% a 24%. Entre famílias que vivem com até dois salários mínimos, o petista registra 44%, superando o ex-mandatário por treze pontos.

      A geografia do voto mostra cenário igualmente favorável. No Nordeste, bastião histórico lulista, o presidente alcança 53%, contra 25% de Bolsonaro, diferença de 28 pontos que praticamente neutraliza o desempenho adversário no Sul, única região onde o ex-presidente lidera. No recorte religioso, Lula mantém 44% entre católicos, dezessete pontos à frente do rival; já entre evangélicos, continua em desvantagem (24% a 52%), sinal de que o campo governista ainda precisa encurtar distâncias nesse eleitorado.

      Outro indicador de força é o desempenho entre quem classifica o governo como regular, grupo que reúne 29% do eleitorado. Nesse segmento, Lula abriu 20 pontos (40% a 20%), revertendo o empate verificado em junho. A recuperação sugere efeito positivo de medidas econômicas recentes e de ações de comunicação do Planalto, embora a pesquisa não investigue causalidades. Entre os que aprovam o governo, a citação espontânea do presidente como candidato passou de 48% para 58%, revelando engajamento superior ao observado no primeiro semestre.

      Quando Bolsonaro é substituído por Tarcísio, Michelle, Eduardo ou Flávio Bolsonaro, Lula mantém vantagem confortável. Contra o governador paulista, lidera por 38% a 21% no primeiro turno; diante de Michelle, por 39% a 24%. Nas simulações de segundo turno, as margens variam de nove a doze pontos. O campo bolsonarista, portanto, mostra dificuldade em transferir integralmente o capital político do ex-presidente a outros nomes, fenômeno que beneficia diretamente o chefe do Executivo.

      A rejeição, porém, permanece elevada. Quase metade do eleitorado (47%) declara que não votaria em Lula “de jeito nenhum”, percentual semelhante ao atribuído a Bolsonaro (44%). Ainda assim, 61% dos entrevistados rejeitam candidatos que prometam anistiar o ex-presidente pelos atos de 8 de janeiro, posição majoritária entre mulheres, católicos e eleitores de baixa renda. O dado indica ambiente desfavorável a discursos que relativizem a responsabilização judicial de aliados bolsonaristas.

      Entre os estratos de renda mais alta, o petista continua em terreno hostil. Na faixa de cinco a dez salários mínimos, Bolsonaro lidera por 41% a 26%; acima desse patamar, a distância sobe para 50% a 31%. Esse bolsão de resistência, associado a um eleitorado evangélico mais conservador, constitui hoje o principal desafio estratégico da campanha governista.

      Em síntese, Lula fecha julho consolidado na liderança, ancorado em forte adesão popular nas camadas de menor renda, no Nordeste e entre católicos, e amparado pela recuperação entre eleitores que julgam seu governo regular. A disputa segue aberta, mas, pela primeira vez desde abril, o presidente combina crescimento numérico e margem de segurança mínima sobre todos os adversários testados, sinalizando que chega ao segundo semestre com o cronômetro a seu favor.

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      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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