Conferência do Alasca determina nova Divisão Internacional do Trabalho
O mundo pós Conferência do Alasca é asiático, oriental; o ocidente ficou para trás
Os Estados Unidos e o dólar não são mais o poder hegemônico; ao receber Putin no Alasca com palmas, Trump reconheceu a vitória do líder russo sobre a OTAN na Ucrânia; o triunfo de Putin, que coloca Rússia como potência equivalente aos EUA, significa, ao mesmo tempo, o fiasco europeu; o sonho de uma Europa se estendendo ao leste, acabou; idem, a possibilidade de o velho continente continuar insistindo em armar a Ucrânia para enfrentar a Rússia, se não terá mais o apoio de Washington; por sua vez, ao aplaudir Putin, Washington reconhece que o líder russo, ao aliar-se à China para derrotar a OTAN, criou as bases da nova divisão internacional do trabalho; afinal, se os Estados Unidos, isoladamente, perderam a hegemonia econômica para a China, estando os chineses de mãos dadas com os russos, novo poder mundial indiscutível nasceu; no frigir dos ovos, sai vencedor o multilateralismo, que China e Rússia defendem, no âmbito dos BRICS; este, ancorado na Rússia e na China, vira nova potência global.
Ficou no passado a antiga ordem inaugurada no pós segunda-guerra mundial, em 1944, com o Acordo de Bretton Woods. Quem dá as cartas, a partir de agora, de forma indiscutível, é novo tripé: EUA, Rússia e China; no mais, ficou estabelecido, depois do encontro no Alasca, que Trump está com a incumbência de conversar com a Europa e Zelensky, para que se ponham em seus devidos lugares, sujeitando-se à nova ordem; colapsa a ordem anglo-saxã ocidental.
Nova ordem compartilhada - Alasca esvazia tarifaço trumpista
O encontro Putin-Trump no Alasca relativizou tudo; estabeleceu novas bases para o poder mundial, o que produz efeito decisivo na estratégia trumpista de disseminar tarifaço a torto e a direito, ao seu bel prazer; Washington não tem mais autoridade, depois das palmas de Trump para Putin, por derrotar a OTAN, para continuar baixando sanções comerciais contra quem é por ele reconhecido vencedor da guerra; como sancionar o vitorioso, no conflito, se, também, está ao lado de outra vitoriosa, a China, que derrubou a supremacia comercial americana?
As palmas de Trump é o reconhecimento simbólico de que ele não pode imperialmente com os BRICS, que têm a Rússia e a China como protagonistas principais, aliados que estabelecem, desde já, junto com os Estados Unidos, novas regras; configurou-se o quadro em que se impõem as novas potências, Rússia, China e Estados Unidos, deixando para trás a antiga potência, a Europa; o velho mundo vira potência média, perdendo espaço no cenário global, dada sua subjugação aos Estados Unidos e à impossibilidade de seguir no seu sonho impossível de vencer a Rússia; restará a Europa render-se a Putin e a Xi Jinping, para pagar as dívidas que assumiu com Trump; suprema humilhação.
Foi bom para o Brasil - o mundo é asiático
Como integrante dos BRICS, o Brasil sai no lucro, depois do encontro do Alasca; com Rússia e China, aliados incondicionais, parceiro no BRICS, o Brasil, indispensável à China, por ser grande fornecedor de alimentos aos chineses, e importador de peso dos fertilizantes da Rússia, necessários ao desenvolvimento do agronegócio exportador, configura-se um tripé comercial que alavanca ainda mais os BRICS.
O fato relevante, portanto, é que os BRICS, ou seja, o sul global, não apenas se transformam na alavanca econômica e militar global, dados os poderes dos seus dois principais integrantes, China e Rússia, como, também, transforma-se no maior mercado consumidor global, sabendo que a Índia é o país mais populoso do mundo, arrastando-se consigo toda a Ásia.
O mundo pós Conferência do Alasca é asiático, oriental; o ocidente ficou para trás.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.