China e Brasil querem dar exemplo de autossuficiência do Sul Global
"O alinhamento Brasil-China sinaliza que Lula aposta no fortalecimento do eixo Sul-Sul para resistir à pressão econômica e política de Washington"
O presidente da China, Xi Jinping, afirmou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que está pronto para, juntos, “estabelecer um exemplo de unidade e autossuficiência” entre os principais países do Sul Global. A conversa ocorreu na manhã de 12 de agosto, no horário de Pequim, a pedido de Lula, e tratou de Brics, soberania e cooperação estratégica.
Soberania e oposição ao protecionismo
Segundo o relato chinês, Xi garantiu apoio ao Brasil na defesa de sua soberania nacional e na salvaguarda de direitos e interesses legítimos. Ele exortou países a se unirem contra o unilateralismo e o protecionismo, em meio à escalada tarifária dos Estados Unidos contra nações do Brics. O comunicado brasileiro não mencionou se o pedido de Donald Trump para a China comprar mais soja americana — produto chave na pauta de exportações brasileiras — foi abordado.
Parceria no melhor momento histórico
Xi descreveu a relação bilateral como “no melhor momento da história”, citando a sinergia entre o Novo PAC e a Iniciativa Cinturão e Rota. Ele defendeu mais resultados mútuos, coordenação estratégica e fortalecimento do Brics como plataforma central para o Sul Global. O objetivo, segundo o líder chinês, é proteger interesses dos países em desenvolvimento e defender normas básicas das relações internacionais.
Agenda climática e diplomacia global
A conversa incluiu apoio chinês ao êxito da Conferência da ONU sobre Mudança Climática em Belém e à atuação do grupo Amigos da Paz na busca de solução política para a guerra na Ucrânia. Xi reiterou compromisso de trabalhar por um planeta mais sustentável e por um mundo mais justo, alinhando pautas ambientais e geopolíticas.
Sul-Sul X EUA
O alinhamento Brasil-China sinaliza que Lula aposta no fortalecimento do eixo Sul-Sul para resistir à pressão econômica e política de Washington. Essa parceria, se avançar com ações concretas, poderá redefinir o papel dos Brics e ampliar a margem de manobra do Brasil na cena global. A disputa, no entanto, tende a acirrar o jogo comercial e diplomático com os EUA.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.