Causa do desastre não é o evento climático, mas os governos Leite e Melo
'Dinheiro não faltou para as duas gestões realizarem investimentos para assegurar a resiliência do Rio Grande do Sul à nova realidade de emergência climática'
Órgãos oficiais estimam que a temporada de tempestades e inundações que novamente estão castigando a população de Porto Alegre e de dezenas de municípios gaúchos dessa vez não deverá causar os mesmos efeitos catastróficos de 2024.
Isso não se deve, contudo, a providências do governo estadual e da Prefeitura da capital para proteger as comunidades, mas porque o volume previsto de chuvas deverá ser menor que no ano passado.
Até agora, mais de um ano depois da pior enchente da história, o governador Eduardo Leite/PSD e o prefeito Sebastião Melo/MDB não executaram as obras estruturais recomendadas por especialistas para proteger as comunidades.
Toda essa negligência apesar do impressionante aporte financeiro do governo Lula para a reconstrução do Rio Grande do Sul depois da tragédia.
Um fluxo de dinheiro inédito, nunca antes acontecido no socorro da União a uma unidade da Federação: 111,6 bilhões de reais reservados para o Estado em menos de um ano – cifra 130% superior ao orçamento de 2025 do governo estadual, que é de 86,6 bilhões de reais.
Dinheiro, portanto, não faltou para Leite e Melo realizarem investimentos estruturais para assegurar resiliência e adaptar o Rio Grande do Sul e a capital gaúcha à nova realidade de emergência climática permanente.
No entanto, mesmo contando com tamanha disponibilidade financeira, nada ou quase nada foi feito. Até hoje o Poder Público não possui instrumentos para monitorar variações climáticas com eficiência. A rede de estações meteorológicas, por exemplo, que em grande parte se encontra inutilizada ou avariada desde 2019, continua abandonada.
O caso de Porto Alegre é ainda mais vergonhoso. A Prefeitura não realizou nem mesmo as intervenções emergenciais básicas de manutenção do sistema de proteção contra enchentes, como o conserto das comportas do Guaíba e a recuperação de todas casas de bombeamento.
Ao invés de ação e planejamento, a regra é o improviso, com medidas patéticas da Prefeitura. Como em um ano a Prefeitura não consertou as comportas que integram o robusto sistema de proteção contra enchente, o prefeito Melo então mandou fazer barreiras com sacos de areia, na ilusão de conter o avanço das águas que atingiram 2,97 metros às 20:43 horas desta 6ª feira, 20/6. A cota de inundação é de 3,60 metros.
Na região metropolitana várias cidades já estão inundadas devido à acumulação das águas acima do nível de inundação nos Rios Caí, dos Sinos, Gravataí e Paranhana, todos afluentes do Guaíba.
É vergonhoso, também, o papel da mídia hegemônica, sobretudo do Grupo RBS/Globo, que blinda a incompetência e a irresponsabilidade do governador Leite e do prefeito Melo e propaga a versão cínica de que a causa disso tudo é o clima.
A causa do desastre em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul não é o evento climático severo, mas as administrações desastrosas e irresponsáveis do governador Eduardo Leite e do prefeito Sebastião Melo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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