Bolsonaristas comemoram demissão de Daniela Lima e projetam novo inimigo: Lula
Nos bastidores, especula-se que Daniela teria ultrapassado os limites do código interno ao expressar vínculos amistosos com fontes políticas e ministros do STF
A demissão da jornalista Daniela Lima da GloboNews, oficializada nesta segunda-feira (4), foi recebida com festa nos bastidores do bolsonarismo. Extremistas aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PT) interpretaram o afastamento da âncora como um sinal de “reajuste de rota” editorial por parte do Grupo Globo, e já projetam um novo alvo preferencial da emissora: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Daniela, que estava à frente da bancada do Conexão GloboNews havia dois anos, tornou-se um dos rostos mais identificados com a cobertura crítica ao bolsonarismo nos anos recentes. Segundo apurou o Blog do Esmael, um bolsonarista influente afirmou que o “inimigo da Globo” era Jair Bolsonaro, mas que, com a iminente prisão do ex-presidente prevista para setembro, o sistema já se prepara para transferir sua artilharia.
“A Globo nunca foi do Lula. Ela é dos oligarcas. Bolsonaro vai cair, e o próximo a ser desgastado será o Lula. A linha editorial da emissora sempre foi proteger o sistema financeiro e os barões da velha mídia, não governos populares”, declarou o bolsonarista ouvido pela reportagem.
A leitura é de que o desligamento de Daniela Lima, somado à recente saída da veterana Eliane Cantanhêde e do analista Mauro Paulino, marca uma tentativa da Globo de se descolar de sua imagem colada ao campo progressista nos últimos anos. A emissora justificou as demissões como parte de um “movimento permanente de renovação do quadro do canal”.
Nos bastidores da emissora, porém, especula-se que Daniela Lima teria ultrapassado os limites do código interno de conduta da Globo ao expressar vínculos amistosos com fontes políticas e ministros do Supremo Tribunal Federal durante transmissões ao vivo, o que teria desagradado setores do comando editorial.
Reação nas redes e antecipação de cenário
Nas redes bolsonaristas, a hashtag #ForaDaniela chegou a circular com força em grupos privados desde 2023, e sua saída agora é tratada como “vitória simbólica”. A leitura dos extremistas é que, sem Bolsonaro como contraponto, a Globo voltará à sua função histórica de antagonizar o campo popular, dessa vez tendo Lula como novo alvo.
A leitura, no entanto, não é consensual entre analistas independentes. Para alguns observadores do campo da mídia, a Globo tenta apenas recalibrar seu posicionamento editorial diante do novo ciclo político, mantendo influência sobre o debate público com uma aparência de isenção, o que, na prática, garante margem de manobra para defender os interesses do mercado.
O mesmo procedimento adotou em 2023 a Jovem Pan, depois da vitória de Lula, quando a emissora radiofônica demitiu uma série de comentaristas de extrema direita, dentre os quais estavam Paulo Figueiredo, Zoe Martinez, Caio Coppolla, Agusto Nunes e Rodrigo Constantino.
Globo em transição e o xadrez político de 2026
A transição editorial da Globo acontece em meio à rearrumação do tabuleiro eleitoral para 2026. Com Bolsonaro cada vez mais próximo de ser condenado por tentativa de golpe e Lula consolidando-se como favorito, a emissora busca reposicionar-se no eixo do “centro institucional”, evitando desgastes com qualquer dos polos, mas mirando, como sempre, a preservação de sua hegemonia.
A demissão de Daniela Lima, nesse contexto, é mais do que um simples ajuste de elenco. É um sintoma do reposicionamento da velha mídia, que pode voltar a operar como força de contenção contra avanços populares, mesmo após anos de antagonismo explícito ao bolsonarismo.
No jogo de forças entre mídia, política e opinião pública, a Globo segue onde sempre esteve: do lado do capital.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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