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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Apostas criminosas e regulação de redes

Ficam chamando de censura o que é regulação e deixam o crime correr solto

Celular (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)

Foi mais do que vergonhosa, foi criminosa a atuação de alguns parlamentares e assessores tietando uma pessoa, em Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, que induz apostadores com sua imagem. Aliás, após ser constatado que as bets são viciantes, nocivas à sociedade e operam de forma ilegal e imoral, por que continuamos a ver suas propagandas na grande mídia? O dinheiro fala bem alto, pelo jeito. O ato comum é a leniência, pois o dinheiro envolvido é muito grande.

Regular, sim, mas como? Outros aspectos da vida eletrônica e midiática moderna são difíceis de moderação, ainda que influenciem fortemente a vida pública. Vejamos que até um artigo de Luciana Temer, a filha do ex-presidente golpista, que iniciou o estrago estatal no país, abrindo portas para a extrema-direita, foi um contraponto à forma como a mídia está “criticando a crítica” feita às plataformas digitais ao tratar dos crimes cibernéticos envolvendo crianças e a violência sexual. Ficam chamando de censura o que é regulação e deixam o crime correr solto, pois faturam com as notícias de abuso infantil, estupros, crimes cibernéticos e por aí vai. Se antes era o jornal sensacionalista que manchava as mãos de tinta, hoje são os sites e as redes sociais que ferem os olhos com brilhos criminosos. 

E vamos prender esses criminosos, mesmo quando houver a devida regulação? Se for seguido o padrão de encarceramento do país, apenas negros, pobres e periféricos serão os detidos, ficando os barões e tubarões da grande mídia de fora. 

Nesse sentido é que o artigo de Patrícia Villela Marino, no jornalão Folha de S. Paulo, afirmando que o Brasil prende muito e prende mal, é um alívio e um consolo, frente às impropriedades de vozes contrárias, citadas e criticadas por ela. O aumento do encarceramento não levou à diminuição da criminalidade, e também não diminuiria os crimes cibernéticos e de uso do poder econômico midiático. Essa falta de atenção com o tema passa por vários fatores, tais como a realidade de facções criminosas comandadas de dentro de presídios, a falta de separação entre presos de periculosidades distintas, o controle do comércio de armas, a indistinção entre usuário e traficante de drogas (e as bets são também um vício), a militarização do sistema, a precariedade das instalações penais e um longo etc. E passará também pela necessária distinção entre cliente de uma plataforma digital e o fornecedor de conteúdo regido por algoritmos que pré-determinam o que será ali consumido.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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