Anistia de 1979 foi para os militares
"Comparar a anistia de 1979 com a que pretendem os bolsonaristas hoje -- e só para eles mesmos -- é uma bofetada no rosto"
O bolsonarismo está se aproveitando de que a maioria das pessoas não conhece a história de seu país para mentir escandalosamente sobre a anistia de 1979.
Naquele ano, o Brasil ainda era uma ditadura na qual o povo não podia votar para presidente, governadores e prefeitos das capitais e só
elegia metade do Senado.
Em 1979, não era possível divergir do governo. Não era como hoje, que você não só pode divergir do governo ou do STF como também pode ameaçar, insultar e caluniar e, se abusar muito, pode, no maximo, perder redes sociais. Quem divergia, nos anos de chumbo, era assassinado ou torturado até a morte.
Então a Anistia veio. Mas não era anistia só pra esquerda; era, sobretudo, para a extrema-direita e seus milicos graúdos, para que não fossem punidos por torturar, assassinar, estuprar e roubar à vontade, pois se alguém denunciasse morria.
Anistiaram pessoas criminalizadas por divergir da ditadura, mas também -- e sobretudo -- os militares e civis assassinos e torturadores de um regime que era tão bom que não deixava o povo sair dele proibindo o voto para os três níveis de governo, à exceção das prefeituras das pequenas cidades. E elegendo os famigerados "senadores biônicos"
Hoje, a anistia que aquela direita que apoia a ditadura militar quer é só para ela mesma por tentativa que empreendeu para tentar restaurar o regime que por aqui vigeu entre 1964 e 1989.
Comparar a anistia de 1979 com a que pretendem os bolsonaristas hoje -- e só para eles mesmos -- é uma bofetada no rosto de todos os brasileiros, muitos dos quais nem sabem que estão apanhando na cara.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.



