Adélio e a prisão domiciliar

O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou condenado e saiu condenado do Supremo Tribunal Federal, ao depor como réu por participação na trama golpista que culminou com o ato de vandalismo contra as instituições, em 8 de janeiro.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, com habilidade, deixou os réus à vontade para, inclusive, assinarem atestado de bobo da corte, como Bolsonaro, que perguntou se o ministro não aceitaria ser seu vice em 2026.

Em alguns momentos, por conta da certeza de que nada mais há a fazer, a Corte parecia palco de um teatro bufo, com personagens caricatas constrangidas com a própria condição.

Gente de alta patente militar, policiais federais, ex-presidente, vendo suas biografias escorrerem para o esgoto por tentativa de abolir da pátria a condição inegociável de liberdade.

Para muitos, Moraes não foi contundente nas arguições, e deveria ter deixado os réus mais tempo nas ‘cordas’. Parece que o ministro preferiu adotar um estilo mais condescendente devido à robustez das provas. Os depoimentos, que seriam feitos em cinco dias, foram realizados em apenas dois. Moraes cumpriu o rito e o fez com pressa.

Além das piadas sem graça e pedidos de desculpas, nada mais resta aos réus além de alguns prazos para diligências e alegações finais até a data do julgamento.

O chefe da organização criminosa armada, Jair Bolsonaro, sabe que está derrotado e, mesmo assim, usa de bravatas na tentativa de o gado não pular o cercadinho. Suas fichas estão na facada que recebeu de Adélio na campanha de 2018. Jair aposta que por conta de sua saúde precária, vai cumprir prisão domiciliar, o que seria uma vitória para quem merece prisão perpétua e solitária.