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Petro recusa convite para a Cúpula das Américas

Presidente colombiano critica exclusões impostas pelos EUA e defende integração latino-americana por meio da Celac

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro 25/06/2025 (Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez)

247 - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que não participará da 10ª Cúpula das Américas, no início de dezembro em Punta Cana, República Dominicana. O chefe de Estado justificou sua decisão afirmando que o diálogo não pode começar “com exclusões”, em referência à ausência de convites para Cuba, Venezuela e Nicarágua. As declarações foram feitas em sua conta oficial nas redes sociais.

A proposta do mandatário colombiano é fortalecer a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), entidade da qual seu país ocupa a presidência pro tempore. Segundo Petro, ele sugeriu aos Estados Unidos uma reunião com a Celac para discutir a integração econômica do continente, mas não obteve resposta.

Em sua mensagem, Petro criticou a postura norte-americana de mobilizar forças no Caribe. “O que temos é uma agressão no Caribe, que havia sido estabelecido como Zona de Paz”, afirmou. 

O líder colombiano destacou que, na reunião Celac-Europa, programada para 9 e 10 de novembro na cidade de Santa Marta, será discutida a construção de uma “forte aliança baseada no conhecimento, na energia limpa e na inteligência artificial, com soberania pública global sobre sua regulamentação”. Ele lembrou ainda que acordos semelhantes já foram alcançados em encontros com a China e que há propostas para estender as parcerias a regiões como África, Oriente Médio e Índia.

Integração regional em debate

Para Petro, a prioridade da América Latina deve ser a criação de projetos concretos que fortaleçam a integração regional. “A América Latina precisa se integrar internamente com projetos concretos: eu propus energia elétrica limpa, o México propôs produção de medicamentos, e o Brasil e nós estamos avançando na integração amazônica e na conexão com o mundo inteiro sem exceções ou subordinações”, disse.

Repercussão internacional

A decisão de excluir Cuba, Venezuela e Nicarágua da Cúpula das Américas foi anunciada pelo Ministério das Relações Exteriores da República Dominicana no fim de setembro. Segundo o órgão, a medida buscava “garantir o sucesso do encontro”.

O governo cubano reagiu imediatamente. O chanceler Bruno Rodríguez declarou em sua conta na rede X: “Expressamos profunda preocupação e rejeição à decisão imposta pelo governo dos Estados Unidos à República Dominicana de excluir três países, incluindo Cuba, da 10ª Cúpula das Américas”.

A medida também gerou protestos internos na República Dominicana, onde mais de trinta organizações políticas e sociais repudiaram a exclusão. No México, a presidente Claudia Sheinbaum manifestou sua discordância, afirmando que não “concordava com a exclusão de nenhum país” do evento.

Com a ausência da Colômbia e a crescente contestação regional, a Cúpula das Américas, que deveria reforçar os laços hemisféricos, se inicia em meio a tensões diplomáticas e à divisão política no continente.

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