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“O Brasil vem cometendo deslizes na gestão do tema Venezuela”, diz Mario Vitor Santos

Jornalista critica postura brasileira em relação às eleições no país andino

“O Brasil vem cometendo deslizes na gestão do tema Venezuela”, diz Mario Vitor Santos (Foto: Brasil247 | ABR)

247 – Em comentário no programa Bom Dia 247, o jornalista Mario Vitor Santos afirmou que o Brasil tem cometido deslizes na gestão do tema Venezuela, com atitudes que merecem questionamentos. Ele destacou que declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o respeito ao resultado das eleições na Venezuela podem prejudicar a relação entre os dois países.

"Caso Nicolás Maduro vença no domingo, o Brasil pode ajudar a sabotar o resultado das eleições presidenciais. Sabotar desacreditando o resultado das urnas e desacreditando o resultado da votação, como se ela fosse resultado de fraude ou de manipulação eleitoral, e nessa balada, nessa toada, questionando o resultado das urnas, como sempre atribuindo uma eventual vitória de Maduro à fraude e assim permitindo um questionamento geral das eleições e do próprio governo venezuelano," disse Mario Vitor. Ele acrescentou: "Isso nós já tivemos em outras ocasiões na Venezuela, esse tipo de campanha e temos agora de novo, e tivemos no Brasil, em outras ocasiões, especialmente mais recentemente tivemos esse questionamento em relação ao resultado das eleições de 2022, com as urnas eletrônicas."

O jornalista alertou sobre a gravidade da situação na Venezuela: "É sério o que está acontecendo na Venezuela, não é só questionamento de uma eleição, mas é também a preparação de uma eventual virada de mesa, um golpe de estado a partir do resultado da eleição. O candidato de oposição da Plataforma de Unidade Democrática, Edmundo González Urrutia, não assinou o acordo que todos os outros candidatos assinaram, prometendo respeitar o resultado da eleição. Ele não disse que não vai respeitar, mas ele não assinou o acordo que os outros assinaram, e aí toda uma movimentação de mídia, da mídia hegemônica internacional, especialmente daquela comandada por Washington, mas também da brasileira, no sentido de disseminar desinformação mais uma vez a respeito da Venezuela."

Ele mencionou uma recente declaração de Nicolás Maduro: "Então o candidato Nicolás Maduro, presidente atual, e candidato à reeleição na campanha eleitoral fez essa declaração importante recentemente em um comício em que ele diz que há o risco, caso a sua candidatura seja derrotada, de haver um banho de sangue fratricida e de se criar a desunião do país. Isso suscitou um uso gravíssimo por parte da mídia internacional, no sentido de que ele estava dizendo que não ia aceitar o resultado da eleição. Depois a coisa começou a ser mais bem explicada, quando ficou claro que o sentido da declaração do Maduro era outro, não era esse que se quis dar."

Criticando a postura do Brasil, ele afirmou: "o Brasil vem cometendo deslizes na gestão do tema Venezuela, e deslizes que merecem questionamentos, com declarações infelizes a respeito da Venezuela. Em uma entrevista recente à mídia, aos correspondentes internacionais no Brasil, o presidente Lula disse que Maduro tem que respeitar o resultado das eleições. É uma declaração como se Maduro não fosse respeitar, que é sem base na realidade. Um chefe de estado não deveria fazer esse tipo de declaração sobre um amigo, um vizinho que sempre apoiou os governos democráticos brasileiros."

Ele concluiu ressaltando a importância da relação entre Brasil e Venezuela: "A declaração do presidente Lula de que Maduro deveria respeitar o resultado das eleições foi agressiva e desrespeitosa. Soberba não é a atitude da diplomacia brasileira. A Venezuela é um dos poucos aliados do Brasil na América Latina em quem se pode confiar." Assista:

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