Maduro "deixará o poder com ou sem negociação", ameaça Maria Corina Machado
Líder da oposição e Nobel da Paz de 2025 afirma que Nicolás Maduro deixará o poder diante da pressão internacional
247 - A líder da oposição venezuelana, e ganhadora do Prêmio NObel da Paz 2025 María Corina Machado, afirmou que Nicolás Maduro deixará o poder “com ou sem negociação”. A declaração foi feita em meio a crescente crise política e militar que envolve a Venezuela. Em entrevista à AFP, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, ela afirmou que a saída de Maduro é inevitável e acusou o governo de ser sustentado por "forças externas", como cubanos, russos, iranianos, além de grupos como Hezbollah e guerrilheiros das Farc.
Crise política e pressão militar
O posicionamento de María Corina ocorre no momento em que os Estados Unidos enviaram navios de guerra ao Caribe, movimento classificado por Maduro como “assédio”. Washington, por sua vez, justificou a operação como parte do combate ao narcotráfico, acusando o presidente venezuelano de chefiar um cartel internacional de drogas.
Ao comentar a presença militar estadunidense, a opositora foi categórica: “A invasão que existe aqui é a dos cubanos, dos russos, dos iranianos, do Hezbollah, do Hamas, dos cartéis de drogas, da guerrilha das Farc. Essa é a invasão que ocorre na Venezuela”.
“Com negociação ou sem negociação”
Machado reforçou que a única saída para o país é a desarticulação dessas estruturas: “o que estamos pedindo é que essas estruturas que saquearam o país e que deixam esse rastro de morte e dor sejam desarticuladas, e Maduro tem neste momento a possibilidade de avançar em uma transição pacífica. Com negociação, sem negociação, ele vai deixar o poder”.
A dirigente também acusou Maduro de ser o verdadeiro responsável por uma guerra interna. “Quem declarou guerra aos venezuelanos foi Nicolás Maduro. É quem aplica terrorismo de Estado internamente e narcoterrorismo externamente”, disse ela em tom semelhamnte ao adotado pelo governo dos Estados Unidos para justificar as ações militares na costa venezuelana.
Fraude eleitoral e consequências
María Corina voltou a afirmar que as eleições presidenciais de 2024 foram fraudadas e que o verdadeiro vencedor foi o opositor Edmundo González. Ela disse que a oposição está disposta a oferecer garantias ao regime, mas advertiu que, caso Maduro use a força, as consequências “serão de sua responsabilidade direta, de mais ninguém”.
Questionada sobre que tipo de consequências seriam essas, evitou detalhar o que poderia acontecer “Não vou especular sobre isso. Nós, venezuelanos, não temos armas de fogo, temos a palavra, temos a organização cidadã, temos a pressão, temos a denúncia”.
Nobel da Paz dedicado ao povo venezuelano e a Donald Trump
Após receber a notícia da conquista do Prêmio Nobel da Paz, Machado declarou que dedicava a honraria ao povo da Venezuela e também ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Existe um consenso geral entre os venezuelanos em reconhecer o presidente Trump, o que consideramos justo e necessário. É para transmitir a ele o quanto a Venezuela precisa da sua liderança e da coalizão internacional que se formou (...) que estão cortando as fontes de financiamento do crime, que são as que sustentam este regime”, disse.
A opositora ressaltou ainda que mantém “comunicação fluida” com Washington, além de diálogos frequentes com governos latino-americanos e europeus. Ela também revelou ter contato cada vez mais próximo com setores militares que, em público, ainda juram lealdade a Maduro. “De civis a militares, todos têm um papel a desempenhar”, afirmou.


