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Lula reage às tarifas dos EUA: 'esse é o momento de criar coragem e privilegiar nossos interesses'

"Não há outra saída. Temos que abrir as portas, mas os dois lados devem sempre ganhar", disse o presidente

Lula (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
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247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (22) a união dos países América Latina diante das tarifas impostas às economias da região pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Lula defendeu que a prioridade no momento deve ser "garantir a estabilidade econômica" para navegar o que chamou de um "mundo político adverso", interna e externamente.

"Estou severamente preocupado com o que está acontecendo no mundo hoje", frisou o presidente em discurso no Fórum Empresarial Brasil-Chile, em Brasília, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e que contou com a participação do presidente chileno, Gabriel Boric. 

Lula advertiu que algumas guerras começaram exatamente pelas divergências comerciais, e passou a criticar as tarifas comerciais impostas por Trump.

Ele se mostrou descrente quanto à continuidade da globalização:

"Ouvi o discurso de que a globalização era a solução para todos problemas da humanidade. Confesso, acho muito estranho que o país que simbolizou desde a Segunda Guerra Mundial a esteira da democracia e do livre comércio, tenha dado a guinada que deu nos últimos dias promovendo a maior política de taxação comercial que o mundo já tomou conhecimento, em defesa de alguma coisa que não sabemos o que pode acontecer e na expectativa de que o multilateralismo pode estar sendo jogado no lixo, dando lugar a um protecionismo que nunca ajudou ninguém". 

Diante do cenário adverso, Lula alertou contra uma nova guerra fria e avisou que o Brasil não tomará partido. "A nenhum país do mundo interessa uma guerra fria". 

Ao invés disso, promoverá a integração regional, pautada pelas relações comerciais abertas e de forma soberana.

Nesse sentido, Lula pediu maior união entre os países da região: "Devemos formar um bloco como a União Europeia, como a ASEAN, com instituições que garantam seguridade. Temos que ter uma estrutura institucional independentemente de quem seja o presidente da República". 

"Empresários de toda a região devem procurar recursos nos países uns dos outros, utilizando-se de todas as complementaridades para fazer-nos crescer", afirmou o presidente. "Por muitas décadas esperávamos que os EUA e a Europa nos deixariam ricos, outra hora a China, mas o que precisamos é nós mesmos ficarmos ricos aqui", seguiu. 

Lula lançou um alerta caso os países da região não possuam "coragem" para reagir a esse cenário: "Temos que dar crédito a nós mesmos. Esse é o momento de criar coragem e decidir como vamos fazer. Não queremos privilegiar os interesses de outros povos e sim os dos nossos. Não há outra saída. Temos que abrir as portas, tendo em mente que os dois lados devem ganhar, como numa rodovia de duas mãos". 

E finalizou defendendo maior abertura comercial do Brasil, com foco especial na América do Sul, destacando o potencial de ampliar a relação com o Chile em setores estratégicos: "Imagine nosso potencial em minerais críticos, com a IA na linguagem latino-americana, sem copiar da China ou EUA. Precisamos ter a coragem de fazer isso".

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