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Escola de Governo Maria da Conceição Tavares é lançada com foco em transformações estruturais na América Latina

Iniciativa do BNDES e da CEPAL homenageia economista e visa formar lideranças para um desenvolvimento mais justo, sustentável e produtivo na região

Aloizio Mercadante, Esther Dweck e José Manuel Salazar-Xirinachs (Foto: André Telles/BNDES)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Foi inaugurada nesta segunda-feira (9) no Rio de Janeiro a primeira edição da Escola de Governo e Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares, uma iniciativa conjunta entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). O curso presta tributo à trajetória de uma das mais influentes economistas da história latino-americana e marca um novo capítulo na colaboração histórica entre as duas instituições.

A proposta da escola é ambiciosa: fortalecer competências técnicas e estratégicas para impulsionar políticas públicas capazes de lidar com os grandes desafios econômicos, sociais e ambientais da região. O conteúdo do programa é cuidadosamente adaptado às realidades socioculturais e econômicas dos países latino-americanos, promovendo alternativas de financiamento sustentável e incentivando a integração regional.

Crises globais e papel do Estado - Durante a cerimônia de abertura, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, alertou para a fragilidade da atual governança internacional diante de crises múltiplas, como a emergência climática, a revolução digital e a ascensão da inteligência artificial. “Estamos vivendo um período em que a capacidade de resposta internacional às crises está muito debilitada”, afirmou.

Mercadante ressaltou a necessidade de reposicionar o Estado como protagonista no enfrentamento dessas crises, na retomada do crescimento e na defesa da democracia, com foco na redução das desigualdades. Para ele, os bancos de desenvolvimento têm um papel central nesse processo, ao impulsionarem inovação e crescimento sustentável.

Transformações indispensáveis - O secretário executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, destacou que a América Latina enfrenta três “armadilhas do desenvolvimento”: baixa capacidade de crescimento, desigualdade extrema com pouca mobilidade social e fragilidade institucional. “Superar essas armadilhas não será possível sem fortalecer capacidades institucionais e de governança. Por isso a fundação desta Escola de Governo e Desenvolvimento é um marco fundamental e estratégico”, pontuou.

Salazar-Xirinachs frisou que a CEPAL propõe onze grandes transformações estruturais para avançar rumo a um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável. Ele enfatizou ainda que a gestão dessas transformações não pode se restringir à técnica, mas exige capacidade de coordenação da ação coletiva. “O desenvolvimento não é um destino, mas uma construção constante. Celebramos ter o BNDES como parceiro nesse esforço”, completou.

Desafios do presente e construção do futuro - A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos do Brasil, Esther Dweck, também participou da abertura e alertou que o crescimento econômico, embora essencial, não é suficiente para enfrentar os entraves estruturais da região. “Também se deve enfrentar a persistência da pobreza e da desigualdade, a rigidez estrutural, o câmbio climático, a incerteza internacional, a ameaça à democracia e a pressão por um Estado menor”, declarou.

Formação com diversidade e abrangência regional - A edição inaugural da escola reúne 66 participantes selecionados entre quase 700 candidaturas. O grupo é composto por representantes de 11 países da América Latina, sendo 35 do Brasil e 31 de outras nações. A diversidade é um destaque: 38 mulheres, 28 homens, com presença de pessoas afrodescendentes, indígenas e de identidades diversas.

O curso será dividido em três fases ao longo de 2025. A primeira, já iniciada, ocorre presencialmente por cinco dias na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. A segunda etapa será virtual, com aulas ao vivo durante 11 semanas, de junho a agosto. A etapa final acontecerá em setembro, com dois dias de atividades presenciais na sede da CEPAL, em Santiago do Chile.

A programação está organizada em quatro eixos: inserção internacional e globalização, transformação produtiva e inovação, justiça social e trabalho decente, e democracia e governança. As atividades incluem aulas teóricas, conferências, oficinas práticas e debates estratégicos com especialistas.

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