Retomada de estoques de arroz após 11 anos traz segurança a produtor e a consumidor
Governo federal reativa política de formação de estoques públicos e garante proteção para agricultores e estabilidade de preços para famílias brasileiras
247 – Um ato realizado em Pelotas (RS), nesta sexta-feira (22), marcou a retomada da política de formação de estoques públicos de arroz, após 11 anos sem essa prática. O Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 70% da produção nacional do grão, entregou 540 toneladas à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que serão armazenadas na rede credenciada da companhia. A notícia foi publicada pela Agência Gov, em entrevista concedida pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, ao programa A Voz do Brasil.
Segundo Edegar Pretto, a volta dos estoques públicos é uma medida essencial para equilibrar a cadeia produtiva. “Quando a gente compra os produtos para formar estoques públicos é porque o mercado está pagando um preço muito baixo para os produtores. Então a gente compra, paga um preço melhor, garante a renda, garante o lucro para quem bota na mesa o que é essencial para a nossa vida, que é o alimento”, afirmou.
O dirigente explicou que a política também funciona como proteção para os consumidores: “No momento que subir o preço demasiadamente em alguma região do Brasil, daquele produto que nós temos no estoque, a gente pode utilizar o produto do estoque para equilibrar os preços para os consumidores. Então é uma política pública que ajuda quem produz, e dá segurança para quem consome ter nas prateleiras dos supermercados um preço justo”.
Contratos de opção e volume de estoques
Pretto destacou que, em 2024, a Conab lançou contratos de opção de venda, com aporte de R$ 1 bilhão do governo federal. Apesar de uma meta inicial de 500 mil toneladas, foram contratadas 91 mil toneladas, pois o preço oferecido parecia pouco atrativo para os produtores naquele momento.
Neste ano, novos leilões foram realizados com R$ 181 milhões adicionais. Como resultado, cerca de 200 mil toneladas já estão asseguradas para os estoques da Conab, fortalecendo a política de regulação de mercado.
Prejuízos de uma década sem estoques
O presidente da Conab avaliou os danos provocados pelo desmonte da política de estoques durante os últimos governos. “No governo passado foi extinto o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, não teve mais o Plano Safra da Agricultura Familiar, não teve mais juros subsidiados para produzir comida para o nosso mercado interno”, disse.
Segundo ele, isso levou muitos pequenos agricultores a migrarem para monoculturas de exportação, reduzindo a produção de arroz e feijão. O resultado foi o aumento da inflação dos alimentos, que chegou a 57% nos últimos anos. Agora, com a retomada do apoio federal e juros subsidiados, o país se encaminha para colher “a maior safra agrícola da história do Brasil”.
Apoio ao Rio Grande do Sul
Além da importância nacional, a medida também tem impacto regional, já que o Rio Grande do Sul foi severamente atingido pelas enchentes de 2024. Pretto ressaltou que a ação também funciona como forma de amparo aos produtores gaúchos:
“Veja bem, nunca um estado do nosso país teve uma atenção tão grande por parte do governo federal, porque também a tragédia ambiental aqui foi a maior de toda a história desse estado”.
Apesar das perdas com a soja, que representa metade da produção agrícola gaúcha, o cultivo do arroz se manteve essencial, e a compra governamental garante incentivo para continuidade da produção.