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      Grupo francês Tereos, dono do açúcar Guarani, critica acordo entre Mercosul e União Europeia

      Diretor-executivo criticou os termos atuais do acordo alegando concorrência desleal com os produtores franceses

      Colheita de cana-de-açúcar em Pradópolis (SP) (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)

      247 - Olivier Leducq, diretor-executivo do grupo francês Tereos, se manifestou publicamente contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul nos termos atuais, destacando preocupações com a concorrência desleal no setor agrícola. A empresa, segunda maior produtora de açúcar no Brasil e fabricante do açúcar Guarani, está há mais de duas décadas no mercado brasileiro.

      Segundo o jornal O Globo, em uma postagem no LinkedIn, Leducq argumentou que o acordo comercial colocaria os agricultores franceses em desvantagem ao competir com produtos do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que, segundo ele, não seguem as rigorosas normas ambientais e sociais exigidas na UE. "Como nossas explorações agrícolas poderão enfrentar a concorrência desleal de produtos importados que não respeitam as mesmas normas ambientais e sociais?", questionou o executivo.

      O posicionamento gerou reações, como a de um cofundador da startup britânica NaturAll Carbon, que apontou a presença de décadas da Tereos no Brasil como prova do alto padrão ambiental e social da agricultura brasileira. Em resposta, Leducq esclareceu que sua crítica não era direcionada à qualidade da agricultura brasileira, mas às diferenças regulatórias entre os blocos. "Embora a agricultura brasileira cumpra suas regulamentações locais, elas não estão alinhadas com as normas exigentes e caras exigidas para a agricultura da UE e da França", afirmou.

      Procurada, a Tereos reforçou que o posicionamento do CEO não representa um questionamento à qualidade dos produtos brasileiros, mas sim à necessidade de maior discussão sobre as diferenças regulatórias que afetam a competitividade. A empresa afirmou ainda que mais de 60% de sua produção no Brasil é exportada com certificações internacionais e segue rigorosamente as legislações locais.

      A crítica de Leducq ocorre em um momento de intensa mobilização na França contra o acordo UE-Mercosul. Durante a Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro, agricultores franceses protestaram contra a aprovação do texto. O presidente francês Emmanuel Macron reafirmou a oposição de seu governo ao acordo, alegando preocupações ambientais e sociais, e pediu que outros países-membros da UE adotem posição semelhante.

      O movimento de líderes empresariais também ganhou força. O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou que a rede deixará de comprar carnes do Mercosul. Em seguida, o grupo varejista Les Mousquetaires, proprietário das marcas Intermarché e Netto, se comprometeu a não comercializar carne bovina, suína e de aves provenientes da América do Sul.

      Apesar das críticas, a Tereos ressaltou seu orgulho pela operação no Brasil, onde atua há 24 anos. Com presença em outros 13 países, além dos EUA, Europa e Ásia, a empresa reforçou seu compromisso com práticas sustentáveis e o respeito às legislações locais.

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