247 - Com os impactos das mudanças climáticas se tornando cada vez mais evidentes na produção de uvas ao redor do mundo, as vinícolas têm assumido o protagonismo em ações de preservação ambiental e biodiversidade. No Dia Mundial do Meio Ambiente, que acontece nesta quinta-feira (5), é válido observar um movimento que vai além da tendência: trata-se de um reposicionamento essencial que visa ampliar a sustentabilidade no setor. O relatório anual da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), apresentado em abril de 2025, destacou a necessidade de adaptação diante da queda contínua na área global de vinhedos, uma retração de 0,6% apenas em 2024, puxada por regiões tradicionais.
No contexto das mudanças climáticas, as vinícolas precisam adaptar as produções para manterem-se ativas. Há um reconhecimento mais amplo sobre a urgência das práticas sustentáveis, a necessidade de se adaptar para sobreviver ao contexto, aproveitando melhor os recursos naturais, reduzindo a pegada de carbono e buscando compreender os impactos no clima e no espaço geográfico, bem como a escassez de matéria-prima.
“Há diversas maneiras de adotar práticas sustentáveis na produção de vinhos, como reduzir o peso das garrafas, uso de embalagens alternativas e recicláveis, práticas de reuso de água, uso de matéria orgânica como fertilizantes e adoção de uma visão mais social da sustentabilidade que inclua a comunidade local”, comenta Thamirys Schneider, sommelière do Grupo Wine, líder no ranking de importação de vinhos no Brasil.
Nesse cenário, produtores atentos às transformações ambientais têm se tornado referências de atuação sustentável. Entre os destaques estão vinícolas como a argentina Las Perdices que tem vinhos distribuídos no Brasil pela Wine, além de Esteban Martín, da região espanhola de Cariñena e Fontanafredda, no coração do Piemonte, Itália, cujos vinhos são distribuídos pela Bodegas Grupo Wine, sendo ambas as empresas pertencentes ao Grupo Wine.
Para as importadoras e distribuidoras brasileiras, é fundamental levar ao consumidor os vinhos dessas casas que combinam tradição, inovação e respeito ao planeta”, comenta a sommelière. “Funcionam como pontes estratégicas entre práticas sustentáveis e um mercado cada vez mais consciente e exigente, procurando saber mais sobre produção sustentável e optando por marcas que têm esse compromisso humano e com o meio ambiente.”
Esteban Martín, o vinho que nasce das pedras - Localizada no sopé da Cordilheira Ibérica, em Aragão, a vinícola Esteban Martín nasceu do vínculo profundo da família fundadora com o campo e a agricultura. A D.O. Cariñena, onde a vinícola está inserida, é uma das mais antigas da Espanha e símbolo da resiliência das videiras que enfrentam terroirs pedregosos e extremos. Esse cenário exigente estimulou a inovação sustentável: 30% das áreas da vinícola são dedicadas à viticultura orgânica, reduzindo significativamente o impacto ambiental da produção.
Entre as práticas pioneiras adotadas, destaca-se o uso de feromonas (substâncias químicas naturais usadas para atrair, repelir ou confundir insetos de forma ecológica) e a pulverização com ozônio, método não-tóxico utilizado em 40% das plantações. A vinícola também ostenta certificação vegana e mantém um plano contínuo de aprimoramento ambiental. 
Em 2020, foi eleita a vinícola mais sustentável pela Lux Life Food &amp; Drink Awards (prêmio global organizado pela revista britânica Luxlife) e também premiada pela Academia Aragonesa de Gastronomia como Melhor Vinícola de Aragão 2020. 
Fontanafredda, o renascimento verde do Piemonte - Na Itália, a Fontanafredda representa não só uma das vinícolas mais tradicionais do país, fundada em 1858 pelo rei Vittorio Emanuele II, como também um dos exemplos mais abrangentes de sustentabilidade no setor. A vinícola criou o conceito de Renascimento Verde, que vai além das práticas de campo: é uma filosofia que recoloca a Terra no centro de todas as decisões, da produção à distribuição.
Hoje, mais de 120 hectares da Fontanafredda são certificados como biológicos. A empresa implementou uma central de cogeração e aquecimento urbano, instalou painéis solares que geram mais de 200 mil kW/ano e reaproveita água com alta taxa de purificação. Além disso, a mobilidade nas instalações é elétrica, e o trator a biometano, incluído na colheita de 2021, ilustra o esforço em reduzir as emissões de carbono.
As embalagens também seguem o compromisso saudável da vinícola: o vidro das garrafas vem parcialmente de material reciclado, os rótulos são provenientes de manejo florestal responsável e as tampas utilizam cortiça e plástico reciclado. Os rótulos da Fontanafredda chegam ao Brasil pela Bodegas Grupo Wine, empresa com forte atuação digital e foco em autosserviço B2B.
Las Perdices - A Viña Las Perdices é uma vinícola familiar situada em Agrelo, Mendoza, uma das regiões vitivinícolas mais prestigiadas da Argentina. Localizada aos pés da Cordilheira dos Andes, a vinícola desenvolveu ao longo dos anos um amplo portfólio de vinhos, com destaque especial para os Malbecs. Las Perdices é reconhecida internacionalmente por unir a tradição no cultivo das vinhas a uma visão contemporânea de enologia e sustentabilidade, resultando em rótulos que expressam identidade, inovação e respeito ao território. 
Toda a propriedade é irrigada por um sistema de gotejamento de precisão, que garante o uso eficiente da água, um recurso escasso e precioso em Mendoza. Esse sistema é alimentado por energia limpa gerada por painéis solares, demonstrando o compromisso da empresa com práticas agrícolas responsáveis. Além disso, a vinícola investe em projetos de compostagem, no uso de chá de húmus para enriquecer os solos e em monitoramentos meteorológicos avançados para compreender as variações climáticas e adaptar suas práticas ao longo das safras.

Guilherme Levorato

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