247 - As apostas pessimistas sobre os títulos do Tesouro dos Estados Unidos estão crescendo, especialmente com a expectativa em torno do relatório de empregos que será divulgado nesta sexta-feira. Este relatório pode definir o rumo das decisões do Federal Reserve (Fed) em sua próxima reunião de setembro, especialmente no que diz respeito à redução das taxas de juros. 
O levantamento mais recente realizado pelo JPMorgan, divulgado até o dia 2 de setembro, apontou uma das maiores mudanças semanais para posições de baixa nos últimos cinco anos. De acordo com a pesquisa, os investidores estão ajustando suas estratégias, em meio à preocupação com o déficit fiscal, o que fez os rendimentos dos títulos de 30 anos se aproximarem de 5%, um patamar elevado.
Esse clima de pessimismo nos mercados foi impulsionado pela perspectiva de que o Fed possa cortar as taxas de forma mais agressiva, após uma série de dados econômicos mais fracos do que o esperado. A aposta em um corte de 25 pontos-base na reunião de setembro se fortaleceu, o que levou muitos investidores a posicionar suas carteiras para uma possível queda nas taxas. "Se tivermos dados suficientes para desequilibrar as expectativas, poderemos ver uma queda nos rendimentos, especialmente no curto prazo", afirmou Kathryn Kaminski, estrategista-chefe e gestora de portfólio da AlphaSimplex Group. Ela completou: "Isso poderia ser um sinal de que as condições no mercado de trabalho estão piores do que imaginávamos."
Nos últimos dias, a diferença entre os rendimentos dos títulos de curto e longo prazo aumentou. Os rendimentos de dois anos, que costumam refletir as expectativas sobre as políticas do Fed, atingiram os menores níveis desde maio. Isso ocorreu após um relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, que mostrou números abaixo das previsões dos analistas, levando os traders a quase completamente precificar uma redução de 25 pontos-base na próxima reunião. Embora a possibilidade de um corte de 50 pontos-base seja considerada remota, o mercado de opções SOFR tem demonstrado uma crescente atividade em busca de proteção contra esse cenário.
Em meio a esse cenário, os investidores também estão cada vez mais exigindo compensações maiores para financiar os déficits do governo. O aumento nas despesas e os cortes de impostos propostos pela administração do presidente Donald Trump têm gerado temores de que a situação fiscal do país piore ainda mais, a menos que o crescimento da receita proveniente das tarifas seja sustentado — uma situação que foi afetada por uma decisão judicial na última semana.
A expectativa é que o número de empregos, que será divulgado na próxima sexta-feira, tenha um impacto significativo nos mercados. Steven Englander, chefe de pesquisa cambial do G-10 do Standard Chartered, afirmou: "Qualquer número abaixo de 40.000 empregos moveria o mercado em direção a um corte de 50 pontos-base." Ele ainda complementou: "Para afastar completamente a possibilidade de corte, acreditamos que o número de empregos teria que subir para 130 mil ou mais, com revisões positivas."
A pesquisa realizada pelo JPMorgan sobre os clientes do Tesouro revelou que as posições de venda atingiram o nível mais alto desde 3 de fevereiro, com um aumento de oito pontos percentuais na semana até 2 de setembro. Ao mesmo tempo, os dados de opções SOFR indicam um forte aumento de interesse nas posições com strikes em 96,00, enquanto as opções do tipo "call" e "put" têm dominado as operações.

Luis Mauro Filho

Homem passa em frente a sinalização de Wall Street, em Nova York, EUA - 29/12/2023

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Crescem apostas de queda nos títulos do Tesouro dos EUA com expectativa sobre dados de desemprego

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