MOSCOU, 21 de janeiro (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, realizou uma videochamada com o presidente chinês, Xi Jinping, nesta terça-feira (21), na qual propôs desenvolver ainda mais sua parceria estratégica, poucas horas após Donald Trump tomar posse como 47º presidente dos Estados Unidos.
China e Rússia declararam uma parceria "sem limites" em fevereiro de 2022, quando Putin visitou Pequim, dias antes de enviar dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia, e nos últimos meses Putin também descreveu a China como uma "aliada".
Falando de sua residência em Novo-Ogarevo, nos arredores de Moscou, Putin acenou para Xi e se dirigiu ao presidente Xi como seu "querido amigo", dizendo que queria delinear "novos planos para o desenvolvimento da parceria abrangente e cooperação estratégica russo-chinesa".
"Concordo com você que a cooperação entre Moscou e Pequim se baseia em uma ampla comunhão de interesses nacionais e uma convergência de pontos de vista sobre como devem ser as relações entre as grandes potências", disse Putin a Xi, de acordo com um vídeo do Kremlin da reunião.
"Construímos nossos laços com base na amizade, confiança e apoio mútuos, igualdade e benefício mútuo. Essas conexões são autossuficientes, independentes de fatores políticos domésticos e da atual situação global."
Xi também se dirigiu a Putin como seu "querido amigo" e disse que as relações estavam se fortalecendo e que ele esperava que os laços alcançassem novos patamares, de acordo com uma tradução russa ao vivo das palavras de Xi.
Trump prometeu ser duro com a China e falar com Putin sobre o fim da guerra na Ucrânia. Em comentários a repórteres após sua posse, Trump disse que Putin deveria fazer um acordo para acabar com a guerra porque o conflito estava "destruindo" a Rússia.
A Rússia, travando uma guerra contra as forças ucranianas fornecidas pela OTAN, e a China, sob pressão de um esforço conjunto dos EUA para conter sua crescente força militar e econômica, têm cada vez mais encontrado uma causa geopolítica comum.
Putin e Xi compartilham uma ampla visão de mundo, que retrata o Ocidente como decadente e em declínio, ao mesmo tempo em que a China desafia a supremacia dos EUA em tudo, desde computação quântica e biologia sintética até espionagem e poder militar.
"Nós defendemos conjuntamente a construção de uma ordem mundial multipolar mais justa e estamos trabalhando no interesse de garantir segurança indivisível no espaço eurasiano e no mundo como um todo", disse Putin.
"É seguro dizer que as relações de política externa e o trabalho conjunto entre a Rússia e a China desempenham objetivamente um importante papel estabilizador nos assuntos internacionais."
Os EUA consideram a China como sua maior concorrente e a Rússia como sua maior ameaça ao estado-nação. O ex-presidente dos EUA Joe Biden disse que as democracias do mundo enfrentam um desafio de "autocracias" como China e Rússia.
Putin disse que a China era o principal parceiro comercial da Rússia, e que o comércio aumentou para US$ 245 bilhões em 2024, de acordo com estatísticas chinesas. A Rússia é classificada como o quinto maior parceiro comercial da China, disse Putin.
A China é o maior consumidor de energia russa - e o maior mercado de exportação de petróleo para a Rússia, disse Putin, acrescentando que eles levariam adiante a cooperação em reatores de nêutrons rápidos e reprocessamento de combustível nuclear.

Camila França

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