<p><b>Por Denise Assis</b></p>
<p><i>Para o historiador Manuel Domingos Neto, o momento é de muita complexidade. A tal ponto que, no seu entender, o presidente Donald Trump desautoriza a OTAN e estabelece uma ameaça militar interna, transformando as suas Forças Armadas em Polícia, para agir contra os migrantes. </i></p>
<p>O professor, uma das maiores autoridades no estudo dos militares, viu com perplexidade o movimento do presidente estadunidense, Donald Trump, de reunir 800 generais na Virgínia, para mudar as orientações de comportamento e apresentação física – vai banir os gordos, trans e mulheres que não derem conta dos exercícios e treinamentos -, imprimindo retrocesso e ferocidade às tropas.</p>
<p>O historiador conversou com o “Denise Assis Convida” desta semana, e fez observações e comparações sobre as mudanças prometidas lá (nos EUA), que vão incluir cortes da ordem de 20% dos comandos, e o que se passa aqui, no meio militar brasileiro, onde em sua opinião faltam avanços em Ciência &amp; Tecnologia, que nos traga, de fato, a soberania almejada pelo presidente Lula. </p>
<p>Segundo o professor, as guerras mudaram de feitio e não se dão mais à base da força física, por isso importando, como tradicionalmente importa, o treinamento físico, mas não eliminando dos quadros os que possuem algum tipo de deficiência, por exemplo, motora. “Você pode ter alguém que seja cadeirante, mas com uma imensa capacidade de desenvolver na engenharia projetos excepcionais na área da tecnologia. Isso numa guerra, hoje, do ponto de vista estratégico é fundamental”, disse.</p>
<p>Domingos comentou também a dificuldade de se identificar e efetivar cortes orçamentários nas Forças Armadas no Brasil, criticando a fala do ministro José Múcio, que numa audiência pública no Senado, na semana passada, defendeu aumento para os generais, não mencionando praças, sargentos, e outras patentes subalternas, onde ele identifica enormes desigualdades. “As nossas Forças Armadas reproduzem na questão salarial o retrato do país, as diferenças sociais”, identifica. “Os soldos nessas fileiras são muito pequenos. Há uma disparidade muito grande para os oficiais e isso precisa ser revisto”, aconselha, embora alertando que essa é uma discussão que precisa ser feita com critério e sem afogadilho. “Trata-se de um segmento que ainda provoca temor no meio político”, considera. </p>
<p>O professor saudou a conversa entre o presidente Lula e o seu homólogo estadunidense, por trazer algum apaziguamento, inclusive no meio militar, que estava tenso com a possibilidade de ter de renunciar a compras e o intercâmbio existente entre as duas Forças, desde a Segunda Guerra Mundial. Confiram neste domingo (12) às 12h, essa conversa. </p>
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Redação Brasil 247

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Entrevistas

Manuel Domingos: “Se o Pentágono quiser, para os nossos aviões e navios”

<p><b>247</b> - O historiador Manuel Domingos Neto afirmou, em entrevista à <b>TV 247</b>, que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no inquérito da trama golpista atinge negativamente uma parte das Forças Armadas. As investigações apontaram que o político da extrema direita consultou militares para saber quais seriam as melhores alternativas para colocar em prática um golpe de Estado.</p>
<p>“Esse julgamento afeta as fileiras (das Forças Armadas). Talvez nunca tenham sido submetidas na história do Brasil a um período tão alongado de críticas”, disse o analista, acrescentando que os crimes cometidos por Bolsonaro e aliados são ruins para a “preservação da disciplina, da imagem” da corporação.&nbsp;</p>
<p>Em sua análise, o historiador comentou sobre o almirante Almir Garnier. O ex-comandante da Marinha é um dos 31 réus na investigação do plano golpista. “Passa covardia. Ele não sustenta a sua posição. Estava o tempo todo manobrando, uma postura de indignidade”.</p>
<p>De acordo com o analista, a invasão à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 “escancarou um planejamento golpista mal-sucedido”.&nbsp;</p>
<p>No STF, os atos golpistas do 8/1 fazem parte de uma investigação mais ampla, a da trama golpista, que foi arquitetada antes das mobilizações terroristas em Brasília (DF).&nbsp;</p>
<h2>Augusto Heleno e Braga Netto</h2>
<p>O historiador também criticou outro réu, o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). “A sua postura ‘trapalhora’ durante o governo Bolsonaro, sedenta de cargos, de poder, agindo de qualquer jeito, ficou sem tamanho. Todo oficial digno das Forças Armadas quer a sua condenação. Imagem mais degradante do Exército”.&nbsp;</p>
<p>Ainda na entrevista, Domingos Neto afirmou que o ex-ministro Braga Netto “feriu a ética”. “Extremamente ganancioso. É capaz de qualquer coisa. Figura perigosa. O general também é um dos réus no inquérito.&nbsp;</p>
<h2>Movimentos por anistia&nbsp;</h2>
<p>O historiador repudiou as tentativas de políticos bolsonaristas em livrar de punição os envolvidos em ações golpistas. “Não aposto que essas tentativas de anistia consigam prosperar. Uma palhaçada. O Congresso não tem força para contrariar um ambiente de defesa democrática que se forma no país”, disse.&nbsp;</p>
<p>“Esses parlamentares que querem anistia estão com medo. Estamos em uma grande luta pela democracia. Vamos ganhar essa parada”, complementou.&nbsp;</p>
<h2>Eleição 2026</h2>
<p>Na entrevista ao <b>247</b>, Domingos Neto disse que “não há eleição garantida” para o campo progressista na eleição presidencial de 2026. “A extrema direita pode voltar ao poder no Brasil”, disse.&nbsp;</p>
<p>O historiador aproveitou para criticar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem defendido anistia a Bolsonaro. “O que esse Tarcísio está querendo? Defensor do criminoso Bolsonaro. Está querendo ganhar voto”.</p>
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Leonardo Lucena

Manuel Domingos Neto: "julgamento de Bolsonaro abala fileiras das Forças Armadas"

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