247 - Um modelo de inteligência artificial mais acessível e eficiente, anunciado pela startup chinesa DeepSeek, gerou uma reação imediata e dramática no mercado financeiro. Segundo cálculos do Financial Times e da agência Bloomberg, empresas de tecnologia nos Estados Unidos, Europa e Ásia perderam juntas cerca de US$ 1 trilhão em valor de mercado apenas nesta segunda-feira (27), descreve reportagem da <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/01/acoes-de-empresas-de-tecnologia-perdem-us-1-tril-em-valor-de-mercado-apos-anuncio-de-ia-chinesa.shtml?utm_source=twitter&amp;utm_medium=social&amp;utm_campaign=twfolha">Folha</a>.
A Nvidia, líder mundial no mercado de chips para inteligência artificial, registrou a maior perda, com uma desvalorização de US$ 465 bilhões (R$ 2,76 trilhões). As ações da empresa caíram 13% na abertura do mercado em Nova York, superando sua maior perda diária anterior, de US$ 279 bilhões, registrada em setembro de 2024. A Bloomberg destacou que a fabricante de chips detém oito das dez maiores desvalorizações diárias da história.
Outras gigantes do setor também foram impactadas. A Oracle viu suas ações recuarem 8%, enquanto os papéis da Microsoft, Meta e Alphabet (dona do Google) caíram entre 3% e 3,5%. Na Europa, a fabricante de máquinas para produção de chips ASML registrou uma queda de 7,5%, enquanto, no Japão, a SoftBank perdeu mais de 8% no pós-mercado.
Empresas fora do setor de tecnologia, mas que fornecem infraestrutura para o mercado, também sofreram com o anúncio da DeepSeek. As ações da alemã Siemens Energy despencaram 22%, enquanto a Schneider Electric, que investe em data centers voltados à inteligência artificial, teve queda de 9,2%. A construtora espanhola ACS, que também atua na área, viu seus papéis recuarem 6%.
A ascensão da DeepSeek
A startup DeepSeek, sediada em Hangzhou, vem atraindo atenção pelo avanço em inteligência artificial de alto desempenho a custos reduzidos. No mês passado, a empresa revelou que seu modelo DeepSeek-V3 foi treinado com chips H800 da Nvidia, gastando menos de US$ 6 milhões. Para efeito de comparação, os custos típicos para treinar modelos semelhantes ultrapassam US$ 100 milhões.
Nesta semana, a DeepSeek apresentou o modelo R1, que, segundo os pesquisadores da empresa, tem desempenho comparável — e em algumas áreas, superior — ao ChatGPT da OpenAI e ao Llama, da Meta. Ambos os modelos da startup são disponibilizados gratuitamente por meio de seu site, incluindo versões em português, com aplicações que variam desde tradução de textos e análise de grandes volumes de dados até automação de atendimento ao cliente e redação de trabalhos acadêmicos.
“Ainda não sabemos os detalhes e nada foi 100% confirmado sobre o avanço da DeepSeek. Mas, se for verdade que o custo para treinar modelos caiu de mais de US$ 100 milhões para algo próximo a US$ 6 milhões, isso é um divisor de águas. Será algo muito positivo para a produtividade e para os usuários finais de IA”, afirmou Jon Withaar, gerente sênior de portfólio da Pictet Asset Management, à agência Reuters.
A notícia lança uma sombra sobre os principais players do setor, como Microsoft e Meta, que devem divulgar seus resultados trimestrais nesta semana. A crescente competitividade global no mercado de inteligência artificial deve pressionar as empresas a responder a investidores sobre como planejam se adaptar ao novo cenário.

Camila França

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Empresas de tecnologia perdem US$ 1 trilhão após anúncio de IA chinesa mais eficiente

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