Washington, 23 de março de 2025 – Em meio a críticas crescentes à política de enxugamento da máquina pública liderada por Elon Musk, cerca de 100 manifestantes se reuniram neste sábado (22) em frente a uma concessionária da Tesla no bairro de Georgetown, em Washington, capital dos Estados Unidos. O ato, que contou com cartazes, danças e palavras de ordem, teve como alvo o bilionário CEO da Tesla, acusado pelos manifestantes de ser o rosto de uma campanha agressiva de demissões no setor público norte-americano.
As informações são da agência Reuters, que acompanhou o protesto liderado por grupos de trabalhadores e defensores do setor público. Segundo a reportagem, os manifestantes expressaram descontentamento com o papel de Musk como líder do chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma força-tarefa criada pelo presidente Donald Trump com a missão de cortar gastos e programas federais.
“Estamos aqui com alegria, mostrando a outras pessoas que elas não estão sozinhas”, declarou Melissa Knutson, uma das participantes do protesto, destacando o tom combativo e ao mesmo tempo festivo do ato. A movimentação chamou a atenção de motoristas que passavam pelo local, muitos dos quais buzinavam em apoio aos manifestantes. Os cartazes exibidos traziam fotos de Musk e mensagens contra os cortes no funcionalismo.
Desde a criação do DOGE, mais de 100 mil postos de trabalho foram eliminados no funcionalismo civil federal, que soma cerca de 2 milhões de servidores. Além das demissões, a força-tarefa encabeçada por Musk tem pressionado por medidas como o congelamento da ajuda externa dos EUA e o cancelamento de milhares de contratos e programas públicos.
A onda de protestos não se limitou à capital americana. Manifestações semelhantes ocorreram em cidades como Los Angeles e chegaram até o Canadá, onde grupos organizados em Toronto anunciaram um boicote a produtos norte-americanos após o aumento de tarifas comerciais imposto pelo governo Trump a mercadorias canadenses.
A reação do público também se refletiu no mercado. De acordo com dados da consultoria Edmunds, o número de veículos da Tesla trocados por outros modelos atingiu um recorde em março. A queda na popularidade da marca coincidiu com uma desvalorização expressiva de suas ações, que já perderam quase metade do valor desde o pico registrado em janeiro, apesar da alta inicial após a eleição de Trump, quando investidores apostaram em uma liberação acelerada para o uso de robôs-táxi.
Na última semana, autoridades do governo relataram episódios de incêndios criminosos em concessionárias e estações de recarga da Tesla. Até o momento, porém, não houve registro de violência nos protestos, incluindo o realizado neste sábado em Washington.

Redação Brasil 247

Protestos contra Elon Musk nos Estados Unidos

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Mundo

Protestos contra Elon Musk reúnem manifestantes diante de concessionária da Tesla em Washington

Reuters – A equipe de transição de Donald Trump recomendou à administração que assumirá em janeiro a revogação de uma regra que obriga montadoras a reportarem acidentes envolvendo tecnologias de assistência ao motorista, segundo documentos obtidos pela Reuters. A recomendação foi interpretada como um gesto que favorece a Tesla, empresa de Elon Musk, que se opõe fortemente à exigência.
Desde que a regra foi implementada em 2021 pela Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA, na sigla em inglês), mais de 2.700 acidentes foram registrados, sendo 40 fatais envolvendo veículos da Tesla até outubro de 2024. Essa obrigatoriedade tem sido crucial para investigações sobre tecnologias emergentes, como o sistema de direção Autopilot da Tesla, que esteve no centro de 1.500 notificações enviadas pela empresa ao órgão regulador.
<h3>Recomendações e críticas</h3>
A recomendação para extinguir a regra foi elaborada por uma equipe focada em estratégias de política automotiva para os primeiros 100 dias de governo. A Tesla, frequentemente citada em investigações da NHTSA, argumenta que a exigência de notificação promove uma percepção negativa de sua segurança, já que, segundo a empresa, seus dados são mais detalhados que os dos concorrentes.
A NHTSA defendeu a regra, destacando que ela permitiu ações significativas, como nove recalls e 10 investigações em seis empresas. “Sem esses dados, é impossível identificar padrões de acidentes e problemas de segurança emergentes”, afirmou um porta-voz do órgão.
Ex-funcionários da NHTSA alertam que revogar a exigência enfraqueceria a capacidade do governo de regular tecnologias críticas de assistência ao motorista. O professor Bryant Walker Smith, especialista em condução autônoma, disse que a Tesla, com mais veículos equipados com essas tecnologias nas ruas, está naturalmente exposta a mais incidentes, o que destaca os desafios dessas inovações.
<h3>Elon Musk e os bastidores da medida</h3>
Elon Musk, que contribuiu financeiramente para a campanha de Trump, deve desempenhar um papel central na administração como co-líder do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, prometido pelo presidente eleito. Em uma conferência de resultados, Musk afirmou que pretende reformular as regulamentações de veículos autônomos, centralizando-as em nível federal e reduzindo o que chamou de “dificuldades absurdas” geradas por leis estaduais.
Internamente, executivos da Tesla já haviam discutido a necessidade de pressionar pela eliminação da regra, mas concluíram que isso só seria possível com uma mudança na administração federal, revelou uma fonte à Reuters.
<h3>Implicações para a indústria</h3>
Além da Tesla, outras montadoras têm interesses conflitantes sobre a regra. O grupo Aliança para a Inovação Automotiva, que representa grandes fabricantes (exceto a Tesla), também classificou a exigência como onerosa, mas reconheceu sua importância para a segurança.
Casos recentes, como o acidente fatal envolvendo um Tesla em modo Autopilot na Virgínia, reforçam a relevância de uma regulamentação transparente e responsável. Em outro incidente na Califórnia, um Tesla colidiu com um caminhão de bombeiros, matando o motorista e ferindo quatro bombeiros.
A revogação da regra, se confirmada, levantará questões sobre o equilíbrio entre inovação tecnológica e segurança pública, além de destacar as conexões entre interesses corporativos e políticas governamentais.

CEO da Tesla e proprietário do X, Elon Musk, ao lado do candidato à Presidência dos EUA Donald Trump em comício na Pensilvânia
5/10/2024 REUTERS/Brian Snyder/Arquivo

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