<p><b>247 – </b>Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Sobreira, da <i>TV 247</i>, o analista político e estrategista de comunicação equatoriano Amauri Chamorro denunciou o que considera ser a consolidação de uma ditadura no Equador sob o governo do presidente reeleito Daniel Noboa, reeleito no último domingo, sob fortes acusações de fraude eleitoral. A conversa tratou de temas como alegações de fraude, militarização do Estado, controle territorial por grupos narcotraficantes e a perda de mobilização da esquerda.</p>
<p>Chamorro é uma figura recorrente nos debates da TV 247 sobre América Latina e, com vasta experiência eleitoral na região, oferece uma visão contundente da crise institucional equatoriana. “O Equador já é uma ditadura”, afirmou. “A estrutura democrática foi totalmente fragilizada e há uma captura do Estado pelo narcotráfico.”</p>
<h3><b>Alegações de fraude e sistema eleitoral arcaico</b></h3>
<p>Na avaliação do analista, as alegações de fraude feitas por Luisa González, candidata derrotada por Noboa, são fundamentadas na fragilidade estrutural do sistema eleitoral equatoriano. Diferente do modelo eletrônico do Brasil, o voto no Equador ainda é em papel, facilitando manipulações e dificultando a fiscalização efetiva. “É um sistema arcaico, que permite fraudes como já ocorreu em outros países da região”, disse Chamorro.</p>
<p>Ele também apontou que o controle paralelo das atas eleitorais por partidos de oposição se torna inviável devido aos altos custos e à ausência de fiscalização em milhares de urnas.</p>
<h3><b>Estado de exceção e repressão institucional</b></h3>
<p>Chamorro denunciou ainda o uso recorrente do estado de exceção por Daniel Noboa, inclusive com a proibição de reuniões públicas durante o período eleitoral. "A Constituição não prevê a renovação permanente do estado de exceção, mas ele tem sido usado como instrumento para reprimir a oposição e controlar o território", alertou.</p>
<p>Para o analista, o decreto é uma ferramenta de coerção: “Com esse mecanismo, o exército ganha papel de polícia, e qualquer manifestação pode ser dissolvida com violência”.</p>
<h3><b>Narcotráfico como poder paralelo</b></h3>
<p>Segundo Chamorro, as instituições equatorianas estão profundamente infiltradas por organizações criminosas ligadas ao narcotráfico. “O exército, a polícia, o Ministério Público e até a presidência estão capturados. Não há controle do Estado nem mesmo sobre esquinas das cidades”, afirmou.</p>
<p>Ele traça uma conexão direta entre a geografia do Equador, o subsídio à gasolina e o uso de embarcações pesqueiras como meio de transporte de drogas para o México e os Estados Unidos. “O Equador virou uma rota logística perfeita para o tráfico internacional”, declarou.</p>
<h3><b>Acordo com os EUA e presença de mercenários</b></h3>
<p>Chamorro criticou ainda a aliança entre o governo Noboa e os Estados Unidos, especialmente a presença da empresa de segurança <i>Blackwater</i>, conhecida por suas operações militares privadas. “Mais de 500 agentes da Blackwater chegaram ao país às vésperas das eleições. Isso não é coincidência. É parte de uma tentativa de controle regional e das rotas de narcotráfico”, afirmou.</p>
<p>Ele também comentou a controversa aproximação entre Noboa e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Pagaram US$ 200 mil para que Noboa pudesse tirar uma foto com Trump em um restaurante. Foi uma encenação para legitimar uma vitória manchada por suspeitas.”</p>
<h3><b>Enfraquecimento da esquerda e desgaste do correísmo</b></h3>
<p>Chamorro analisou com franqueza o declínio da influência da Revolução Cidadã, movimento liderado por Rafael Correa. “Houve erros próprios e também lawfare. A perseguição judicial desmobilizou a militância e criou uma nova geração que vê o correísmo como corrupção e conservadorismo”, afirmou.</p>
<p>Ele apontou que a esquerda perdeu conexão com os movimentos indígenas e com os jovens, sendo percebida por muitos como “antiambientalista e patriarcal”.</p>
<h3><b>Crítica ao modelo global da guerra às drogas</b></h3>
<p>No encerramento da entrevista, Chamorro abordou a geopolítica do narcotráfico, criticando a hipocrisia das potências ocidentais. “Os Estados Unidos lucram em todas as pontas: compram barato, lavam dinheiro e não penalizam seus consumidores ou empresários. Quem morre é o latino-americano pobre com um fuzil na mão”, denunciou.</p>
<p>Chamorro defendeu que o debate sobre drogas seja globalizado e centrado na justiça social: “Não se trata de criminalizar a folha de coca, como se fosse a mandioca. Trata-se de enfrentar os verdadeiros beneficiários do tráfico: os que ganham com a proibição e a repressão.” Assista:</p>
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Redação Brasil 247

Jornalista Amauri Chamorro fala no painel o painel "As Experiências Internacionais", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: um Novo Paradigma", realizado pelo Brasil 247, TV 247 e Consultor Jurídico, com apoio do grupo Prerrogativas - Brasília (DF) - 18/02/2025

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Entrevistas

“O Equador já é uma ditadura”, afirma Amauri Chamorro

<p><b>247 - </b>O jornalista equatoriano especialista em América Latina Amauri Chamorro criticou a geopolítica do narcotráfico, em que a América Latina arca com os custos humanos e financeiros, enquanto os lucros ficam nos Estados Unidos e Europa, principais consumidores.</p>
<p>Ele falou no painel "As Experiências Internacionais", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: Um Novo Paradigma". A conferência foi realizada pelo <i>Brasil 247</i>, <i>TV 247</i> e <i>Consultor Jurídico</i>, com apoio do grupo Prerrogativas, em Brasília (DF).</p>
<p>Nesse sentido, ele defendeu a legalização e industrialização da coca, questionando o conservadorismo e os interesses estadunidenses que impedem avanços nesse sentido, e destacou que a indústria e os benefícios econômicos da folha de coca continuam concentrados fora da região.</p>
<p>"Não podemos discutir o narcotráfico sem colocar no meio os EUA e a Europa, os grandes consumidores. Os latino-americanos colocam os mortos e o dinheiro para combater o narcotráfico e o lucro desse mercado ilegal fica nos EUA majoritariamente", afirmou.&nbsp;</p>
<p>Ele ressaltou a contradição de os latino-americanos comprarem armas dos EUA para combater o tráfico, enquanto o mesmo país lucra com o mercado ilegal. "Quem compra as armas para combater o narcotráficos são os latinos e quem vende as armas para isso e para o narcotráfico são os EUA. Isso é uma questão geopolítica", prosseguiu.</p>
<p>Chamorro defendeu um debate mais aprofundado sobre o tema da legalização da coca a nível regional. "A Coca-Cola compra sua coca do Peru e da Bolívia, e é importante debater a produção legal da coca na região como um todo e sua industrialização. Mas politicamente existe uma barreira do conservadorismo e daqueles que atendem aos interesses dos EUA. A indústria está nos EUA, não a temos aqui", finalizou.&nbsp;</p>
<blockquote>"Por que não legalizar, industrializar e desenvolver uma indústria?", ponderou.&nbsp;</blockquote>
<p><b>Assista:&nbsp;</b></p>
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Amauri Chamorro defende industrialização da folha de coca na América Latina

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