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Xi Jinping visitará Xangai em demonstração de força em meio ao tarifaço de Trump

Presidente chinês busca destacar força econômica e tecnológica da cidade diante das tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump

O presidente chinês Xi Jinping se encontra com o primeiro-ministro cambojano Hun Manet (não mostrado na foto) no Palácio da Paz em Phnom Penh, Camboja, em 17 de abril de 2025 (Foto: Foto: Agence Kampuchea Press/Divulgação via REUTERS)
Luis Mauro Filho avatar
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Reuters – O presidente chinês Xi Jinping visitará Xangai nesta semana, disseram duas fontes, destacando o principal centro financeiro internacional do país num momento em que a guerra comercial com os EUA aumenta a pressão sobre o crescimento econômico.

A viagem à cidade, que também abriga a fábrica da Tesla, baseia-se em garantias cada vez mais otimistas por parte de autoridades chinesas sobre a capacidade da segunda maior economia do mundo em lidar com o impacto das tarifas de 145% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, apesar de sua forte dependência das exportações.

O Gabinete de Informação do Conselho de Estado, responsável pelas consultas de mídia direcionadas ao governo chinês, não respondeu imediatamente ao pedido de comentário sobre as informações fornecidas pelas fontes relacionadas à viagem.

Alfred Wu, especialista em China da Universidade Nacional de Cingapura, afirmou que Xi pode aproveitar a visita para destacar os recentes avanços tecnológicos do país, sobretudo após o lançamento, no início deste ano, da startup chinesa de inteligência artificial DeepSeek.

Wu disse não esperar que Xi mencione publicamente o impacto da guerra comercial: "Com base em nossas observações sobre Xi, ele não gostaria de demonstrar nenhuma fraqueza".

Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu suas previsões de crescimento para a China, Estados Unidos e grande parte do mundo, destacando os efeitos das tarifas impostas pelos EUA, atualmente no nível mais alto em 100 anos.

Desde o primeiro mandato de Trump, a China tem reduzido sua dependência do mercado norte-americano. Porém, os esforços de Pequim para incentivar exportadores a encontrarem alternativas locais ao mercado dos EUA não tiveram êxito significativo, devido à fraca demanda interna.

Após o anúncio de Trump sobre tarifas mais amplas no início deste mês, a China respondeu com suas próprias tarifas retaliatórias e restrições comerciais sobre materiais essenciais, incluindo terras raras utilizadas na produção de ímãs industriais.

Embora o governo Trump tenha sinalizado disposição para suavizar o impasse comercial, ambos os lados ainda divergem profundamente em questões fundamentais.

Trump disse, na semana passada, que conversou por telefone com Xi e afirmou que as negociações estavam em andamento. No entanto, na segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China negou a informação, dizendo que os dois presidentes "não conversaram recentemente".

Tecnologia, finanças e empregos

Em sua última viagem a Xangai, em novembro de 2023, Xi aproveitou para estimular a cidade a reforçar sua posição como centro financeiro internacional e assumir protagonismo tecnológico.

Na ocasião, ele reuniu-se também com representantes das províncias que compõem o chamado Cinturão Econômico do Rio Yangtze, um bloco econômico que inclui Xangai e outras dez províncias e cidades ao longo do rio, região crucial para as exportações chinesas, respondendo por mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Para Dan Wang, diretor do Eurasia Group na China, Xi poderá usar a atual visita para promover a globalização do yuan e atrair mais financiamentos internacionais para apoiar empresas chinesas no exterior.

Wang acrescentou que também é provável que o presidente chinês foque na indústria e na manutenção dos empregos, dada a situação delicada da economia. "As perdas de empregos na região podem ser substanciais se as empresas perderem metade das encomendas vindas dos EUA", afirmou.

Autoridades chinesas têm declarado que o país pode resistir aos impactos da guerra comercial, mas já indicaram que poderiam fornecer mais apoio político e econômico, caso necessário.

Zhao Chenxin, vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda-feira que Pequim continua "totalmente confiante" de que a China alcançará sua meta de crescimento econômico em torno de 5% em 2025.

Zhao também garantiu que o país poderia assegurar a oferta suficiente de soja, milho e outros grãos sem precisar importar dos EUA. Além disso, afirmou que a China poderia atender à sua demanda energética sem depender dos Estados Unidos.

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